Modelo cita investigadores de elite em BO de violência contra mulher
Modelo registrou três boletins de ocorrência de ameaças contra o empresário Pedro Campo Figueiredo. Investigadores são citados em um dos BOs
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Uma modelo de São Paulo registrou um boletim de ocorrência em maio deste ano, em que afirma sofrer uma série de ameaças do empresário Pedro Campo Figueiredo. No BO, a mulher ainda cita dois investigadores do Grupo Especial de Reação (GER), grupo de elite da Polícia Civil do estado:
“Quero deixar aqui registrado que temo pela minha vida e de pessoas próximas a mim. E se caso algo acontecer, de qualquer natureza, foi Pedro Campos Figueiredo, Diego Del Rio e Fabio Bopp”.
Diego Del Rio e Fabio Bopp são os investigadores do GER. Pedro Campos Figueiredo é um empresário do ramo de seguros.
As informações são da Folha de S.Paulo, que apurou que a modelo trabalhou com o empresário por cerca de dois meses no final do ano passado como uma assistente pessoal. Os problemas entre os dois teriam começado após Figueiredo suspeitar que ela passava informações para uma ex-namorada sua, com quem ele teria uma disputa judicial.
O boletim de ocorrência não especifica como os policiais citados teriam participados das ameaças, segundo a Folha. Pessoas próximas a Figueiredo afirmam que ele utiliza policiais em sua equipe de segurança pessoal e que os investigadores Bopp e Del Rio seriam dois deles.
Bopp é visto como homem de confiança do delegado-geral Artur Dian e outros integrantes da corporação. Ele já teve seu nome citado por mulheres na investigação referente a Thiago Brennand, condenado por estupros e agressões. Segundo as vítimas, a imagem do investigador era usada por Brennand como seu amigo e protetor.
Não há suspeita oficial sobre Bopp no caso Brennand.
Policiais civis também afirmaram à apuração da Folha que o investigador é amigo do deputado Delegado da Cunha, que também é investigado por suspeita de violência contra mulher.
Já o investigador Del Rio tem cerca de 466 mil seguidores nas redes sociais, onde mostra seu dia a dia, incluindo sua rotina de trabalho.
Ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) investiga o caso. Segundo a pasta, uma medida protetiva foi solicitada porém negada pela Justiça.
Segundo a SSP, dois dos três boletins citados ainda dependem da representação da vítima para a sequência das investigações. Uma apuração interna avalia as medidas a serem tomadas a respeito do suposto envolvimento dos investigadores do GER.
“Recado do PCC”
A modelo registrou três boletins de ocorrência, todos em maio. Os nomes dos investigadores apareceram somente no último. Em depoimento, ela disse ser vítima de uma suposta rotina de ameaças iniciadas desde o início do ano.
A mulher contou que no dia 27 de abril, um homem e uma mulher a abordaram em um posto de combustível ordenando que não gritasse e nem fizesse nada porque tinham um “recado do Primeiro Comando da Capital (PCC)”.
A dupla teria então mostrado várias fotografias da modelo com a família dizendo para ela “esquecer que ele [empresário] existe”. A partir desse momento, ela começou a andar protegida por seguranças particulares, compostas por policiais militares.
A defesa de Pedro Figueiredo é concentrada na advogada especializada em direito da mulheres, Gabriela Mansur. Para ela, as acusações não procedem: “A minha defesa é a defesa do direito da mulher e não do uso abusivo da Lei Maria Penha. Quando nós vemos um caso imoralizar a nossa causa, eu analiso a situação e vejo se de fato vale a pena defender contra quem está abusando”, afirmou a advogada à Folha.
A Folha de S. Paulo afirma ter procurado a modelo, que não quis falar porque o caso corre em sigilo.