“Minha alma foi embora”, diz mãe de ex-modelo morta; crime é mistério
Jovem de 21 anos encontrada nua na cama teria sido morta por sufocamento com travesseiro; apartamento na zona sul estava trancado por dentro
atualizado
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São Paulo –”É muita dor. Estou dilacerada. Parece que arrancaram um pedaço do meu coração. Sinto como se tivesse só meu corpo, porque minha alma foi embora com ela, com meu anjo, meu sonho, minha caçula, meu bebê.”
Essas foram as palavras de desabafo de Valéria Alves Brito, 46 anos, instantes antes de enterrar a filha Dalliene de Cássia Brito Pereira, na manhã desta terça-feira (4/7) em Uberaba, Minas Gerais.
A jovem foi encontrada morta, nua e com um travesseiro sobre o rosto, deitada em sua cama, no 9º andar do edifício em que morava na zona sul da capital paulista, por volta das 6h de sábado (1º/7). O prédio não tem porteiro.
As circunstâncias do homicídio, assim como sua autoria, têm deixado a Polícia Civil de São Paulo intrigada até o momento. Uma delas é o fato de a porta do apartamento da vítima estar trancada pela parte de dentro.
As câmeras de monitoramento do edifício também não captaram a movimentação de qualquer suspeito.
A investigação do caso é acompanhada pessoalmente por Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Telefonema da polícia
A mãe de Dalliene afirmou ao Metrópoles que recebeu um telefonema da Polícia Civil de São Paulo, por volta das 8h20 de sábado, comunicando a morte da filha.
Valéria havia recebido uma mensagem de Dalliene no dia anterior, na qual a filha mandava um “oi”.
“Senti que ela queria me falar alguma coisa, mas não falou. Não mandou mais nada depois disso. Por volta de 3h [de sábado] ela mandou mensagem pro irmão, um meme carinhoso e uma música”, relembra a mãe da vítima.
Dalliene também mandou mensagens para Brunna Ysabelle Gondim Faria, 22, com a qual dividia o apartamento. A amiga voltava para casa, em um carro de aplicativo, quando recebeu memes da vítima, de madrugada.
Foi Brunna quem chamou a polícia e o zelador do prédio, para que arrombassem a porta do apartamento, trancado pela parte de dentro. Ela afirmou em depoimento não ter cópia da chave do imóvel, para onde se mudou em fevereiro deste ano.
Última conversa
Dalliene era modelo em Minas Gerais e, de acordo com a mãe dela, mudou-se para a capital paulista, em janeiro de 2022, com o intuito de conseguir mais oportunidades para a carreira.
“Mas em São Paulo ela descobriu que não queria mais ser modelo, porque ela não queria ficar fazendo dieta, sofrendo para emagrecer. Aí, ela começou a estudar administração e conseguiu um emprego em outra área”, explicou Valéria.
A ex-modelo foi contratada como recrutadora de uma empresa de aplicativo de vendas, na qual já havia sido promovida. Por causa disso, teria conseguido comprar o apartamento em Santo Amaro, ainda de acordo com a mãe dela, para onde se mudou nove meses após chegar em São Paulo.
Mãe e filha conversavam diariamente e, na última vez, a caçula da família reforçou o amor e as saudades que sentia da mãe.
“Ela estava muito feliz com essa nova fase dela, com muitos planos, projetos. Dizia que tinha encontrado o lugar dela, estava amando o novo emprego, era muito esforçada”, disse Valéria.
Ela contou que “todos irão sentir muito a falta dela, do carinho dela. Agora, minha prioridade é dar descanso para minha filha. Depois, irei para São Paulo, para acompanhar o caso. Quero que a justiça seja feita e respostas sejam dadas”.
Dalliene foi sepultada no cemitério Memorial Parque de Uberaba, cidade onde nasceu e cresceu. Além dos pais, ela deixa quatro irmãos.
Apartamento ficava aberto
De acordo com Brunna, ela nunca fez uma cópia da chave do imóvel. Por isso, costumavam deixar a única porta de acesso destrancada. Somente quando uma delas estava no apartamento essa porta era fechada.
Brunna teria sido a última pessoa a ver a vítima, quando ela retornou para casa na sexta-feira. Antes disso, Dalliene havia saído com uma colega de trabalho para um happy hour.
O caso foi registrado como homicídio qualificado, por asfixia. Testemunhas seriam ouvidas nesta terça-feira no DHPP, que aguarda o resultado de laudos periciais que podem ajudar na identificação do suspeito do crime.