Milton Leite deve emplacar aliado e manter controle da Câmara de SP
Ricardo Teixeira (União), que já chefiou a Secretaria de Transportes, deve ser indicado pela base de Ricardo Nunes para comandar a Câmara
atualizado
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São Paulo — A base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara Municipal deve eleger um nome indicado pelo vereador Milton Leite (União) para presidir a Casa no ano que vem, após uma articulação direta entre ele e os 12 partidos da coligação que reelegeu o prefeito neste domingo (28/10). O nome mais provável, segundo aliados de Nunes, é o do vereador Ricardo Teixeira, considerado um dos aliados mais fiéis do atual presidente.
Embora as negociações para a composição da nova mesa diretora do Legislativo comecem oficialmente apenas nesta semana, a indicação de um nome ligado a Leite para o cargo já estava acordada desde junho, segundo vereadores da base governista. Esse acerto foi realizado no mesmo contexto da coligação que apoiou Nunes nas eleições, composta por 12 partidos de centro e direita.
Milton Leite, que inicialmente pleiteava o posto de vice na chapa do prefeito para o União, aceitou a indicação de Coronel Mello Araújo (PL), feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em troca de um compromisso, firmado pelo PL, de que a legenda apoiaria um indicado seu.
Quando o acordo foi feito, em junho do ano passado, Leite dizia aos aliados que sua legenda tinha potencial para se tornar a maior bancada no Legislativo. Contudo, nas eleições para a Câmara realizadas no início deste mês, o PL e o MDB, partido do prefeito, conquistaram o mesmo número de assentos que o União, sete cada.
O PL, na legislatura atual, tinha cinco assentos e, com o equilíbrio no tamanho das bancadas, integrantes do diretório municipal chegaram a esboçar articulações para rever o acordo com Leite e lançar um candidato próprio à presidência da Casa.
Entretanto, tanto o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, quanto o prefeito Ricardo Nunes desautorizaram essa movimentação, por considerarem, segundo aliados, que a quebra do acordo com o União poderia desestabilizar a Câmara — sem o União, o governo perderia a maioria na Câmara e teria dificuldade para a aprovação de projetos.
Milton Leite, que exerceu sete mandatos consecutivos na Câmara e, eleito presidente em 2020, alterou a Lei Orgânica do Município — a constituição da cidade — para poder ser reeleito duas vezes na presidência da Casa e manter seu controle sobre o Legislativo. Neste mês, o vereador Isac Félix (PL) começou a coletar assinaturas para apresentar dois projetos que restauram as regras anteriores, permitindo apenas uma reeleição para a presidência da Câmara, com mandatos de um ano.
Ricardo Teixeira liderou a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade até maio do ano passado, por indicação de Leite, que é responsável pela pasta. A eleição para a presidência da Câmara ocorrerá apenas após a posse da nova legislatura, a partir de 1º de janeiro.
Milton Leite é considerado um dos políticos influentes da cidade, responsável pelas articulações no Legislativo dos governos de João Doria e Bruno Covas, ambos com mandato do PSDB, e de Nunes. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) quebrou seu sigilo bancário durante investigações sobre o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) com a Transwolff, empresa de ônibus que é uma das bases eleitorais do vereador.
Para a base do prefeito, a indicação de Teixeira deve manter a Câmara alinhada aos objetivos de Nunes. O presidente da Mesa Diretora é quem determina a pauta de votações da casa.
Ao Metrópoles, Milton Leite afirmou que o União indicará o presidente da Câmara, respeitando o acordo que já havia sido feito. Mas, não confirmou que o nome será o de Teixeira. “Ainda não fiz essa discussão internamente”, disse o presidente. Já o vereador não respondeu. O espaço segue aberto.