Milícia de PMs e GCMs atuava com PCC na Cracolândia, diz MPSP
Segundo investigações do Gaeco, o PCC montou “fortaleza” na Favela do Moinho, região da Cracolândia, no centro da capital de São Paulo
atualizado
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São Paulo — A megaoperação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) na Cracolândia, nesta terça-feira (6/8), tem como objetivo desmantelar uma milícia formada por policiais militares e guardas civis que atua na região central para vender proteção a comerciantes contra a ação de criminosos e usuários de drogas. As informações foram obtidas pelo Estadão.
A operação, batizada de Salus et Dignitas, foi deflagrada a partir de investigações do Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Os promotores afirmam que a Cracolândia se tornou um “ecossistema de atividades ilícitas” controlado pelo PCC, explorado por diversos grupos criminosos organizados e caracterizado pela “violação sistemática aos direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade”.
São cumpridos sete mandados de prisão, 117 de busca e apreensão e 46 de sequestro e bloqueio de bens.
Além da proteção aos comerciantes, a milícia formada na região atuava na distribuição de drogas, comércio de peças de carros e motos, receptação de celulares roubados, venda de armas e em redes de hotéis, lojas e ferros-velhos.
Por fim, foi detectada uma rede de prostituição em hotéis e uso pela indústria de reciclagem de produto fruto de trabalho infantil e de usuários de droga, que são pagos com pedras de crack e cachaça.
Favela do Moinho
Segundo o Estadão, as investigações apontaram que a Favela do Moinho, localizada ao lado do viaduto Orlando Miguel, nos Campos Elíseos, se tornou uma “fortaleza do PCC”. De lá, os criminosos estariam controlando as comunicações da polícia e mantém um tribunal do crime.
Valdecy Messias de Souza, Paulo Márcio Teixeira, Ingrid de Freitas, Ivan Rodrigues Ferreira e Janaína da Conceição Cerqueira Xavier como os responsáveis pelo esquema de vigilância.
Eles estariam usando rádios transmissores codificados na frequência dos órgãos de segurança pública, que permitiam o acompanhamento das movimentações policiais.
Leo do Moinho
Um dos principais alvos da operação desta terça-feira (6/8) é Leonardo Monteiro Moja, o Leo do Moinho. Ele é apontado como responsável pelo abastecimento de drogas na região da Cracolândia.
Seria na Favela do Moinho que Moja armazenava a droga antes de distribuí-la para seus entrepostos na Cracolândia, como a rede de hotéis e hospedarias compradas pela facção.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informa que, seguindo uma determinação do Prefeito Ricardo Nunes, solicitou, em junho de 2023, ao Ministério Público a prisão preventiva do guarda civil metropolitano Elisson de Assis.
Segundo a administração municipal, o processo foi arquivado pelo Ministério Público em janeiro deste ano, mas a Prefeitura continuou apurando as denúncias envolvendo o agente. O processo de expulsão de Elisson de Assis está concluído.
Antônio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava já foram afastados e o processo de expulsão está em andamento. Rubens Alexandre Bezerra foi expulso da corporação em 31 de julho de 2019.
A Prefeitura disse ainda que participou, com o governo do Estado e o próprio Ministério Público Estadual, de todas as discussões sobre a operação deflagrada nesta terça-feira (6/8) na região central da cidade. Foram quatro reuniões realizadas nos últimos dias, sendo duas delas com a presença do prefeito Ricardo Nunes, ao lado do governador Tarcísio de Freitas.
Além disso, secretários estaduais e municipais estiveram reunidos para discutir a atuação dos órgãos participantes da operação. A Prefeitura conta com cerca de 500 agentes nas ruas hoje prestando apoio e atendimento nas áreas de segurança, assistência social e saúde, além das equipes responsáveis pela interdição de imóveis alvos da operação.