Metrô e CPTM investigam explosão de atestados médicos em dia de greve
Levantamento do governo mostra que número de atestados médicos de funcionários do Metrô e da CPTM cresceu até 5 vezes na última greve (3/10)
atualizado
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São Paulo — O número de atestados médicos de funcionários do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi até cinco vezes maior no dia da última greve dos transportes, em 3 de outubro, do que na média em dias comuns. Os sindicatos das duas categorias marcaram uma nova greve para esta terça-feira (28/11).
Segundo um levantamento feito pelo governo, a CPTM recebeu 232 atestados médicos no dia 3 de outubro, enquanto que a média diária é de 49 atestados, segundo a companhia. Em 2 de outubro, véspera da última greve, a empresa também já havia recebido um número de atestados médicos considerado atípico: 115.
Já no caso do Metrô, foram 123 atestados no dia da última greve, ante uma média diária de 52 documentos nos demais dias.
Com atestados médicos, os funcionários deixam de trabalhar e ficam isentos de eventuais punições para greves julgadas abusivas pela Justiça do Trabalho.
Tanto a paralisação do dia 3 como a greve prevista para esta terça-feira são protestos dos servidores contra o plano de privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os funcionários da Sabesp, companhia cuja privatização está em discussão na Assembleia Legislativa (Alesp), também vão paralisar nesta terça.
Uma apuração interna foi aberta para investigar os motivos do aumento significativo de atestados. Chamou a atenção das duas empresas o fato de parte dos atestados ter sido emitida por um mesmo médico.
“O levantamento da CPTM também registra uma predominância da mesma doença nos documentos. A CID (Classificação Internacional de Doenças), código de incidência e prevalência de doença, descrita para 110 dos 347 empregados nos dias 2 e 3 de outubro foi a mesma: eles tinham CID para doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo”, informa o governo.
Um dos objetivos da apuração interna é avaliar se houve falsificação de atestados ou adulteração de documentos.
“Para fins de apuração, foram excluídos os atestados dos funcionários administrativos beneficiados pela folga do ponto facultativo do dia 3 de outubro, além de outras questões que não tem qualquer relação com a greve, como os emitidos por mais dias antes do período, por exemplo”, diz o governo.