“Menos um fazendo L”: defesa diz que deboche em vídeos foi “desabafo”
Advogado do homem que atropelou suspeito de furtar celular em SP diz que acidente não foi intencional e que não houve omissão de socorro
atualizado
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São Paulo – O advogado André Nino, responsável pela defesa do motorista de aplicativo Christopher Gonçalves Rodrigues, 26 anos, afirmou que os vídeos feitos por seu cliente após se envolver em um atropelamento foram o “desabafo” de um cidadão cansado de violência. No dia 25 de abril, Christopher atropelou e matou, na ligação Leste-Oeste, região central de São Paulo, o ambulante Matheus Campos da Silva, 21, suspeito de ter furtado o celular de outro motorista momentos antes.
Após se dar conta que havia atropelado o suspeito de um furto, o motorista de aplicativo passou a postar vídeos em suas redes sociais em que ironiza a vítima. Em um deles, Christopher debocha de Matheus enquanto ele está debaixo de seu carro, ainda vivo. “E aí, comédia? Você vai roubar trabalhador?”, grita. “Não vai sair, não. Só vai sair com a polícia.” Matheus morreu logo depois, quando já havia sido socorrido pelos bombeiros.
Nino esteve na tarde desta quinta-feira (4/5) no 5º DP, onde a conduta de Christopher está sendo investigada. “Ele é um rapaz jovem e, tal qual a maioria da população que vive em São Paulo, está cansado de tanto crime. Às vezes, ali, não acabou sendo uma incitação ao crime, mas, sim, mais o desabafo de um cidadão cansado de tanta violência”, disse o advogado.
Segundo Nino, Christopher não sabia que o rapaz atropelado tinha, supostamente, acabado de praticar um crime. “Só quando ele desceu do carro é que a vítima de furto se aproximou e contou que o suspeito tinha acabado de pegar seu celular do painel do carro”, afirmou.
Instagram privado
Nino disse também que Christopher não quis propagar mensagens para pessoas fora de seu círculo. “O Instagram dele é privado. Alguém que gravou a tela acabou divulgando esses vídeos. A intenção dele não era, em nenhum momento, a notoriedade”, afirmou.
A família de Matheus já afirmou que recebeu os vídeos em grupos de motoristas de aplicativo durante o enterro do rapaz. Segundo o advogado, o banimento de Christopher dos aplicativos de transporte é algo que será alvo da defesa em algum momento. Nino afirma que o motorista sempre trabalhou, é casado, tem uma filha e está assustado com a repercussão do caso.
Trata-se da primeira vez que Christopher apresenta um advogado para representá-lo no inquérito. Nino diz que foi procurado pelo motorista de aplicativo na manhã desta quinta (4/5), em uma conversa que demorou mais de duas horas.
Segundo o advogado, não houve intenção no atropelamento, como também não ocorreu omissão de socorro. “Com relação à remoção do veículo, é quase que natural que não seja mexa com a vítima. A gente está falando de um arrasto. Se tirasse o carro, poderia machucar ainda mais o rapaz, iria passar com a roda em cima da cabeça dele”, disse.