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Menino ferido durante ação da PM em Paraisópolis fica cego de um olho

Estilhaços provocaram deslocamento de retina do menino Kauan, de 7 anos, atingido em uma suposta troca de tiros entre PMs e suspeitos

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foto colorida com imagens gerais de Paraisópolis, onde criança foi ferida durante tiroteio entre PMs e suspeitos - Metrópoles
1 de 1 foto colorida com imagens gerais de Paraisópolis, onde criança foi ferida durante tiroteio entre PMs e suspeitos - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — Ferido após uma operação da Polícia Militar (PM) em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, o menino Kauan, de 7 anos, não voltará a enxergar com o olho direito. Os estilhaços que atingiram o rosto dele provocaram deslocamento de retina, segundo a mãe.

Luana Carmo Veríssimo, de 28 anos, disse em entrevista à TV Globo que, na manhã de 17 de abril, saiu de casa para deixar o filho na casa de uma vizinha e ir trabalhar. Eles foram surpreendidos por uma suposta troca de tiros entre os policiais e suspeitos, na Rua Ernest Renan.

Para se proteger, os dois correram para atrás de um carro. Foi nesse momento que Kauan ficou ferido, segundo Luana. A família ainda não sabe o que provocou o ferimento no rosto. Os estilhaços de um projétil ou a queda de um pedaço de um muro estão entre as possibilidades investigadas.

Hospital

O menino foi levado em uma viatura da PM para a AMA de Paraisópolis e depois transferido para o Hospital do Campo Limpo. No boletim de ocorrência, constou que o ferimento na cabeça do garoto seria “superficial”, decorrente “dos estilhaços” dos tiros, ou ainda “de uma queda”.

“O tempo todo o policial que estava comigo ficava gritando pro carro que estava na frente: ‘Vamos pro [hospital Albert] Einstein, vamos pro Einstein’. Só que a viatura que estava na frente já foi pra AMA. Eu cheguei cheia de sangue, minhas mãos, meu pescoço, meu rosto. Estava tudo cheio de sangue, ele estava cheio de sangue. Aí já fizeram um curativo, me acalmaram, falaram ‘não, mãe, não entrou nenhuma bala nele’, tentando me acalmar”, disse Luana.

Kauan passou por uma cirurgia somente em 5 de maio, 19 dias após a ação policial. Alguns dias depois do procedimento, Luana descobriu que o filho estava cego, segundo a reportagem.

“[O médico] falou pra mim que, infelizmente, ele não vai voltar a enxergar com esse olho. Por conta de uma operação [da PM], que a gente nunca devia ter vivido, meu filho nunca devia ter passado. Ele não vai voltar a enxergar com esse olhinho dele”, afirmou.

Segundo Luana, durante a internação do filho, os PMs permaneceram na porta do hospital o tempo todo. “Num primeiro momento acabou que foi uma coisa até útil, porque a gente chegava no Hospital das Clínicas e acabava sendo atendido mais rápido. Mas, com os dias, acabou sendo uma coisa constrangedora o tempo todo ter policial ali na porta no quarto de uma criança. Às vezes, eu não estava com a minha família, às vezes, eu estava sozinha e entrava toda hora no quarto querendo ver como o menino estava”, disse.

Depoimento

Um sargento contou, em depoimento, que fazia uma incursão ao lado de dois colegas, quando avistaram uma dupla de suspeitos. Segundo os PMs, a dupla fugiu e, em seguida, um terceiro suspeito teria disparado 10 vezes contra os policiais.

No depoimento, o sargento disse que ele e a equipe revidaram com tiros de fuzis e pistola. Os PMs alegam que deram 11 tiros. O homem que teria disparado contra os policiais sumiu, segundo os agentes.

No boletim de ocorrência, os policiais relataram que o garoto de 7 anos se assustou com o tiroteio e correu, sendo encontrado posteriormente com ferimento na cabeça.

A PM afirmou que o ferimento provocado em Kauna não partiu de arma de fogo usada por policiais durante incursão na comunidade. Segundo o coronel Emerson Massera, responsável pela comunicação social da corporação, imagens das câmeras corporais dos PMs sustentam a afirmação.

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