MC suspeito de pagar propina à polícia estaria ligado a agiotas do PCC
Em conversas interceptadas, empresário de MC Paiva menciona dívidas artista para membro do Primeiro Comando da Capital (PCC)
atualizado
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São Paulo – O funkeiro MC Paiva, suspeito de pagar propina para policiais civis não investigarem rifas na internet, é também alvo suspeito de ligação com agiotas ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em denúncia de junho deste ano, obtida pelo Metrópoles, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP), aponta sete suspeitos de associação criminosa — entre eles Sedemir Pelicari Fagundes, o Alemão, empresário de MC Paiva.
Na denúncia, a Promotoria menciona conversas telefônicas — interceptadas com autorização judicial — entre membros de um núcleo de agiotagem ligado ao PCC, investigado por cobrar juros sobre dívidas, em dinheiro, superiores à taxa permitida por lei.
Dívida do funkeiro
Em uma delas, Alemão e Marco Antônio Pereira de Souza Bento, o Paçoca — integrante da Sintonia dos Gravatas do PCC, composta por advogados — comentam sobre a situação financeira do MC, cujo nome registrado em cartório é Davi José Xavier Paiva, de 22 anos.
O funkeiro entrou no radar dos investigadores após essas interceptações.
“Vou dar meu nome aqui para rever um dinheiro no tigrinho lá [plataforma de apostas online], tá ligado, tanto pra minha filha, quando para o Davi [funkeiro]”, menciona o empresário do MC Paiva.
Em outro telefone, o interlocutor de Alemão é um homem, identificado somente como Jorge. Ele reclama não ter recebido nenhum dinheiro por parte de MC Paiva.
Alemão argumenta que o funkeiro estaria devendo R$ 15 mil “para os caras” e Jorge afirma ter visto o artista ostentar, no Instagram, fotos com malas de dinheiro. A grana, acrescenta o empresário, teria sido emprestada, por um suspeito identificado somente com “Magrão”, para o funkeiro somente posar para as imagens.
Alemão e Jorge, conforme registrado pelo Gaeco, falam sobre “a falta de consideração” do funkeiro que, segundo eles, teria brigado com uma plataforma de apostas, com a qual perdeu a sociedade e cuja dívida iria “pagar sozinho”.
MC Paiva alvo de operação
O Metrópoles mostrou que MC Paiva foi um dos seis alvos de um mandado de busca e apreensão, nesta quinta-feira (12/12), no âmbito da Operação Latus Actio II, deflagrada pela Polícia Federal e Gaeco.
A ação resultou do material apreendido na primeira fase da operação, em março, após a qual constatou-se que policiais civis teriam cobrado propina a produtores, empresários e cantores de funk para não investigá-los por exploração de jogos de azar — no caso apurado pelo MPSP, rifas promovidas e divulgadas por artistas e influenciadores em suas redes sociais.