“Massacre de Paraisópolis”: TJSP ouve 10 das 15 testemunhas previstas
Audiência continuará em 28 de junho; não há informações sobre quando os PMs serão interrogados sobre morte de 9 jovens em baile funk em 2019
atualizado
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São Paulo – A Justiça de São Paulo ouviu nesta sexta-feira (17/5) 10 das 15 testemunhas do caso conhecido como “Massacre de Paraisópolis” marcadas para falar na audiência de instrução no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
De acordo com o Tribunal de Justiça (TJSP), das 15 testemunhas previstas, foram ouvidas nove de acusação e uma comum às partes. O grupo era formado por duas vítimas sobreviventes do massacre, seis familiares de vítimas fatais e duas testemunhas protegidas.
A continuação da sessão está prevista para o dia 28 de junho a partir das 10h, ainda segundo o TJSP. Ainda não há informações sobre quando os PMs serão interrogados.
A audiência de instrução é uma etapa do processo que serve para a Justiça decidir se há elementos suficientes de que os réus cometeram algum crime. Se confirmado, o juiz levará os acusados a júri popular e marcará uma data para o julgamento.
Doze policiais militares e um ex-PM são acusados de participação na morte de nove jovens em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, zona sul, em 1º de dezembro de 2019. Outras 12 pessoas que estavam na festa ficaram feridas. A audiência é uma das etapas para definir se os PMs serão levados a júri popular.
Os policiais teriam encurralado os jovens em um beco sem saída, conhecido como Viela do Louro, durante uma perseguição policial. Devido à grande quantidade de pessoas, eles foram pisoteados e morreram por asfixia.
Doze dos PMs são réus por homicídio por dolo eventual das vítimas. Um 13º agente é réu por expor pessoas a perigo ao soltar explosivos nelas.
Na primeira audiência, em julho deste ano, foram ouvidas dez testemunhas de acusação. Na segunda, em 18 de dezembro do ano passado, mais três testemunhas foram ouvidas. Ainda não se sabe quando os PMs serão interrogados.
PMs assumiram risco, diz MPSP
Para o Ministério Público de São Paulo, os PMs assumiram o risco de causar a morte das pessoas ao provocar tumulto, com uso de bombas de gás e balas de borracha, e fechar rotas de fuga, deixando apenas duas vielas livres, onde as vítimas ficaram encurraladas. Nenhum dos mortos morava no bairro.
No processo, os policiais disseram que estavam perseguindo dois suspeitos de roubo em uma moto, que nunca foram encontrados. Os PMs atribuem o tumulto à presença de tais suspeitos.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP), por sua vez, afirmou que os 12 policiais denunciados pelo MPSP estão afastados de atividades operacionais e um dos indiciados não integra mais a Polícia Militar.
Quem são os acusados
- Luís Henrique dos Santos Quero – homicídio (ex-cabo da PM; foi expulso da corporação por outros motivos não informados)
- tenente Aline Ferreira Inácio – acusada de homicídio
- soldado Anderson da Silva Guilherme – homicídio
- cabo Gabriel Luís de Oliveira – homicídio
- sargento João Carlos Messias Miron – homicídio
- soldado José Joaquim Sampaio – homicídio
- soldado José Roberto Pereira Pardim – acusado de explosão
- subtenente Leandro Nonato – homicídio
- soldado Marcelo Viana de Andrade – homicídio
- soldado Marcos Vinicius Silva Costa – homicídio
- soldado Mateus Augusto Teixeira – homicídio
- cabo Paulo Roberto do Nascimento Severo – homicídio
- soldado Rodrigo Almeida Silva Lima – homicídio
Quem são as vítimas
- Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, morreu por asfixia
- Dennys Guilherme dos Santos, 16 anos, morreu por asfixia
- Denys Henrique Quirino, 16 anos, morreu por asfixia
- Eduardo Silva, 21 anos, morreu por asfixia
- Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos, morreu por asfixia
- Gustavo Xavier, 14 anos, morreu por asfixia
- Luara Victoria de Oliveira, 18 anos, morreu por asfixia
- Marcos Paulo Oliveira, 16 anos, morreu por asfixia
- Mateus dos Santos Costa, 23 anos, morreu por traumatismo