Marcola quer voltar para presídio de onde ordenou “Ataques de Maio”
Líder máximo do PCC pediu transferência para prisão em Presidente Venceslau, de onde foi tirado após descoberta de um plano de fuga em 2018
atualizado
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São Paulo – O presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, era o local onde a alta cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) estava detida quando ordenou a onda de violência no estado que ficou conhecida como “Ataques de Maio”. A série de atentados resultou na morte de 564 pessoas em 2006.
O presídio acaba de voltar ao noticiário porque Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção criminosa, pediu à Justiça para voltar à prisão que fica a 611 km da capital paulista.
O pedido de transferência foi feito sob alegação de que sua família não tem dinheiro para visitá-lo na Penitenciária Federal de Brasília, onde ele está preso desde janeiro de 2023. A defesa contesta a decisão judicial de mantê-lo no local e sugere que ele retorne à Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, onde esteve detido entre 2006 e 2019.
Foi por meio de um agravo apresentado no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em 12 de fevereiro que o pedido de transferência foi feito. O Metrópoles teve acesso ao documento.
Condenado a mais de 300 anos de cadeia, o chefão do PCC cumpre pena no sistema federal desde 2019, e a permanência foi renovada no fim de janeiro.
Marcola contesta a decisão judicial de mantê-lo na Penitenciária Federal de Brasília, considerada de segurança máxima, onde é mantido em isolamento, vive em forte esquema de vigilância e perde direito à visita íntima. O pedido de transferência ainda não foi julgado.
Protesto contra transferências
Os “Ataques de Maio” foram deflagrados após a transferência de Marcola e outros 365 criminosos para a P2 de Venceslau. Na época, a ação gerou uma resposta por parte das forças policiais e de grupos de extermínio, resultando em 564 mortes, das quais 505 eram civis e 59, agentes públicos.
A penitenciária ficou conhecida como o local de onde partiram as ordens para o início da onda de violência.
Em 2019, o líder do PCC foi transferido do local para o sistema penitenciário federal em razão da descoberta de um plano de fuga. Além do plano, as autoridades paulistas também encontraram uma suposta ordem da facção para o assassinato do promotor responsável pela transferência, Lincoln Gakiya.
Marcola ficou na Penitenciária Federal de Brasília entre 2019 e 2022, quando foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho. Na capital de Roraima, também foram descobertos planos de fuga do chefão do PCC e ele acabou levado de volta ao Distrito Federal no início de 2023.
Em dezembro de 2023, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) solicitou novamente a renovação da permanência de Marcola em presídio federal. No ofício, a Secretaria citou o plano do PCC de resgatá-lo da P2 de Presidente Venceslau, em 2018, e afirmou que um possível retorno a São Paulo “o colocará de volta às atividades criminais que sempre desempenhou”.