Marçal se une a advogado que ensina como se livrar de homicídio
Conhecido por dar dicas polêmicas na internet, advogado João Neto foi chamado por Pablo Marçal após Justiça Eleitoral suspender seus perfis
atualizado
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São Paulo — “Derrubou a conta? Segue a outra. Quando derrubar a outra, vai seguindo”. Essa é a receita do advogado chamado pelo candidato do PRTB à Prefeitura da capital, Pablo Marçal, para driblar a decisão da Justiça Eleitoral que determinou a retirada de suas contas nas redes sociais. Conhecido na internet, assim como seu cliente, o criminalista João Neto é famoso por dar dicas polêmicas a seus seguidores, inclusive sobre como se livrar da acusação de homicídio.
Marçal gravou vídeos com o advogado em sua “conta reserva” nas redes sociais após a Justiça Eleitoral determinar a suspensão de seus perfis monetizados no Instagram, Twitter, TikTok e no Youtube, a pedido do PSB, partido de sua adversária, a deputada federal Tabata Amaral, que também concorre à Prefeitura de São Paulo. A suspeita é que ele paga colaboradores para produzirem cortes de vídeos com recursos não contabilizados, o que configura abuso de poder econômico. Em menos de 24 horas, o novo perfil no Instagram já somava 2 milhões de seguidores.
Em um dos vídeos, o advogado aparece tocando a campainha e sendo atendido por Marçal em sua residência, como se tivesse sido chamado para resolver seu problema com a Justiça Eleitoral. No vídeo, João Neto diz que poderá “pleitear judicialmente a ativação das redes sociais” do ex-coach. Em seguida, repete bordões da campanha de Marçal. Em outro vídeo, o advogado aparece ao fundo de uma live de Marçal e fala sobre como driblar decisões da Justiça Eleitoral criando contas reservas.
João Neto tem registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Bahia e em Alagoas e acumulou mais de 1,8 milhão de seguidores em seu perfil no Instagram com vídeos nos quais dá dicas para quem estiver com problemas na Justiça. Em um deles, ele fala sobre como se livrar da acusação de homicídio após ser pego, com câmeras e outras provas, matando alguém.
“Se você for meu cliente, não vai dar nada porque cliente meu não mata ninguém. Ah, mas fui eu. Não foi você. Cliente do doutor João Neto não mata ninguém. Ah, mas as câmeras me pegaram. Se as câmeras te pegaram foi você agindo em legítima defesa repelindo agressão atual e iminente. Então, meu irmão, se você matar alguém, ou tão dizendo que você matou, foi legítima defesa”, diz.
Em outro vídeo, João Neto aconselha quem matar um ladrão com uma arma sem registro. “Ah, doutor, mas não tem registro. Beleza, diz que a arma é dele. Bota a mão dele na sua arma e imputa a arma para ele”, afirma.
João Neto afirma ter matado 28 pessoas quando era policial militar na Bahia. Segundo ele, todos os casos foram legítima defesa. “Não fui eu, foi a profissão”.
O Metrópoles enviou perguntas ao advogado e a Pablo Marçal sobre qual será o papel em sua defesa e se ele ganhou procuração para atuar na ação movida pelo PSB na Justiça Eleitoral, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Em suas redes sociais, João Neto afirmou que “terminou o dia atendendo um cliente especial, que está sendo injustiçado por se dedicar a ajudar a maior capital do Brasil”. “Devido a essa postura altruísta, suas redes sociais foram injustamente suspensas. Como advogado comprometido com a justiça e defensor de causas nobres, irei buscar incansavelmente na Justiça a reversão dessa situação”, disse.