Mar já subiu 20cm no litoral de São Paulo, mostra estudo da USP
Para conter avanço do mar, cidades litorâneas investem em diferentes técnicas, como barreiras submersas, muros e preservação da vegetação
atualizado
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São Paulo – Um estudo do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) aponta que o mar já subiu pelo menos 20 centímetros no litoral de São Paulo desde o início da série histórica, nos anos 1950. O problema, mais uma consequências das mudanças climáticas, tem feito cidades litorâneas desenvolverem técnicas para conter esse avanço.
Trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) já indicava essa tendência em 2019. De acordo com a pesquisa, o aquecimento global tem aumentado a temperatura dos oceanos e o derretimento das geleiras e dos mantos de gelo nas regiões polares e montanhosas do planeta.
Essa combinação de fatores, mostra o levantamento do IPCC, tem levado a um aumento do nível do mar e, consequentemente, da frequência e intensidade dos eventos extremos costeiros, como as inundações.
Em novembro, outro estudo, desta vez divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostrou que cidades como Santos podem perder mais 5% de sua área habitável até 2050, daqui a 26 anos.
Litoral de São Paulo
Para minimizar o impacto do avanço do mar, cidades do litoral paulista têm investido em diferentes estratégias, como barreiras submersas, muros e preservação da vegetação.
A Prefeitura de Santos (foto de praia da cidade em destaque) diz que, em 2016, tornou-se a primeira cidade brasileira a criar um Plano Municipal de Mudanças Climáticas e que foi escolhida, dois anos depois, para implantação de projeto-piloto em parceria com a Unicamp, com instalação de 49 geobags na Ponta da Praia.
As geobags são sacos em formato de “L” que formam uma barreira submersa com 275 metros de comprimento. O monitoramento aponta que já houve aumento de 8,9 centímetros de altura de areia na área onde eles foram instalados.
A administração também diz que conta com uma série de parcerias e desenvolve projetos em diversas outras áreas para evitar a inundação ao longo das próximas décadas.
Preservação da vegetação
A vizinha Guarujá diz que desenvolve o projeto Areia Viva há dois anos e que os estudos, baseados na qualidade sanitária e na movimentação natural da areia de 10 praias, devem ser finalizados até dezembro.
A prefeitura também cita outros projetos, que incluem a preservação do jundu, vegetação típica das proximidades das praias.
Já a Prefeitura de Praia Grande diz também que o sul da orla é mais impactado, mas que a geografia costeira faz com que a cidade não sofra ainda mais com a erosão porque recebe areia de outros locais.
A Prefeitura de Caraguatatuba, no litoral norte, afirma que monitora a situação nas praias, aponta aspectos negativos do engordamento da faixa de areia e diz que não foram necessárias, até o momento, intervenções desse porte na cidade.
Em São Vicente, a prefeitura diz que faz estudos há seis meses na Praia dos Milionários e que, a partir dos resultados, definirá o que pode ser adotado.
Construção de muros
A construção de muros para conter o avanço do mar tem sido adotada em Mongaguá, no litoral sul de São Paulo. Segundo a prefeitura da cidade, está em curso a construção das novas muretas de contenção e vias de acesso às praias.
Em Ubatuba, a prefeitura diz que está alinhada a uma série de projetos para monitorar e conter a erosão costeira. Também não descarta os muros na tentativa de evitar o avanço do mar.
Entre as ações, a administração municipal destaca a recuperação de um muro de arrimo na Praia do Itaguá, por R$ 1,9 milhão, ainda em processo de adequações do projeto.
Projetos para alargamento da faixa de areia não são novidade no litoral paulista, Em Ilhabela, segundo a prefeitura, isso foi proposto ainda no início do século, em 2001, no bairro do Perequê, na região central, para evitar a erosão costeira, inundação das ruas e dar mais espaço para turistas.
Segundo a administração municipal, o projeto está suspenso por tempo indeterminado, já que houve queda de 50% na arrecadação com royalties do petróleo a partir de 2021 – mais de R$ 1 bilhão deixou de entrar no orçamento desde então.