metropoles.com

Manual de avião que caiu em Vinhedo alerta para risco de “gelo severo”

Manual do ATR-72 diz que aeronave pode perder velocidade e sustentação diante do acúmulo de gelo na superfície das asas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ton Molina/NurPhoto via Getty Images
Avião passaredo ATR
1 de 1 Avião passaredo ATR - Foto: Ton Molina/NurPhoto via Getty Images

São Paulo — O manual de operação do ATR-72, avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, matando 62 pessoas, aponta para o risco de perda de velocidade com o acúmulo de gelo na superfície das asas da aeronave. Segundo o texto, se nada for feito para retomar a velocidade ideal, isso pode levar à perda de sustentação, ou “estolar”, no jargão da aeronáutica.

Pilotos que sobrevoaram Vinhedo no dia do acidente relataram que as condições climáticas estavam propícias para a formação de gelo. O avião da VoePass sobrevoava a cidade a uma altitude de 5.100 metros.

O manual afirma que, “em caso de encontros inesperados com as condições de gelo severo”, a tripulação deve procurar “sair dessas condições imediatamente”. O fabricante recomenda que o piloto acione os motores em potência máxima, segure o manche com firmeza para evitar trepidações e abaixe o “nariz” do avião, tentando evitar que ele entre em movimento de “estol”.

O documento lista uma série de indicativos aos quais o piloto deve se atentar para saber em que momento a situação se torna emergencial. Entre eles, o gelo cobrindo parte das janelas frontais e laterais da cabine, eventualmente com água espirrando no para-brisa. Segundo o manual, se o sinal for observado por um curto período de tempo, cerca de 30 segundos, é um indicativo de problemas.

3 imagens
Manual do ART 72
Manual do ART 72
1 de 3

Manual do ART 72

Reprodução
2 de 3

Manual do ART 72

Reprodução
3 de 3

Manual do ART 72

Reprodução

Ainda não se sabe o que provocou o acidente nessa sexta-feira (9/8). A principal hipótese é que tenha havido uma falha no sistema anticongelamento. Nos próximos 30 dias, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) trabalhará para emissão de um relatório preliminar sobre o que teria provocado a queda do avião.

O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, disse, em entrevista coletiva realizada nesse sábado (10/8), que o piloto não fez comunicação com a torre de controle sobre a suposta situação de emergência.

ATR-72-500

O ART-72-500 é um avião de porte médio de turboélice bimotor que voa a cerca de 500 km/h em velocidade de cruzeiro.

A aeronave foi fabricada em 2010 pela empresa ATR, localizada na França, e tinha 72 assentos.

Os modelos de avião turboélice são considerados confiáveis e têm a capacidade de produzir muita tração.

Ele consegue decolar e pousar em pistas menores e pode voar em altitude mais baixa — a altitude máxima é de 10 mil pés, o que é equivalente a cerca 3 mil metros. Isso faz com que, dependendo das condições geográficas, ele possa balançar mais.

“Supersseguro”

Em voo realizado na manhã seguinte ao acidente, um piloto da companhia aérea VoePass usou o sistema de alto-falante da aeronave para pedir aos passageiros que tenham respeito à empresa e para dizer que o avião em que eles estavam, de modelo igual ao do acidente, é “ultrasseguro”.

“Toda vez que vocês ouvirem alguma coisa sobre o ATR, informem que é um avião ultrasseguro. Existem mais de 2 mil unidades voando no mundo. É um avião que voa na Europa, nos Estados Unidos, na neve, então ele não tem problemas para operar em condições de gelo”, disse ele.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?