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Mansões dos Jardins viram estacionamentos clandestinos em SP

Mansões que ocupavam quadras inteiras foram demolidas e abriram espaço para estacionamento ou cedem parte do quintal para os carros

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Estacionamento nos Jardins
1 de 1 Estacionamento nos Jardins - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo — Mansões que ocupavam praticamente quadras inteiras viraram estacionamentos clandestinos nos Jardins, bairro nobre na zona oeste da capital paulista, em áreas onde são permitidas apenas casas pela atual lei de zoneamento da Prefeitura de São Paulo.

Clandestinos aos olhos da lei, mas à vista de todos, o aluguel desses “lotes fechados” chega a R$ 50 mil por mês. Dedicar-se a guardar carro no bairro rico é um grande negócio, com clientela garantida. “É uma mina de ouro”, afirmou o responsável por um desses estacionamentos.

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Estacionamento nos Jardins
Estacionamento na Rua Antilhas
Estacionamento na Rua Antilhas, nos Jardins, em São Paulo
Rua Antilhas, nos Jardins, onde há estacionamentos
Mansões que abriga carros na Rua Groenlândia
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Mansões que abriga carros na Rua Groenlândia

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Estacionamento na Rua Groenlândia

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Imposto predial altíssimo e dificuldade de vender ou construir nos terrenos por causa das limitações definidas pela legislação municipal contribuem para esse cenário. Alguns dos lotes já tiveram todas as suas construções demolidas, com espaço aberto para os veículos.

Ao alugar para terceiros, os donos dos terrenos conseguem bancar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) elevado e ainda lucram com o que sobra.

Um dos estacionamentos da Rua Antilhas — são dois, gigantescos — é formado por partes de três lotes que, juntos, somam quase 4.000 m². O IPTU somado passa dos R$ 440 mil anuais. Só em valor venal, os terrenos são avaliados em cerca de R$ 43 milhões. No passado, a área esteve envolvida em disputas judiciais.

O valor venal de um imóvel, como costuma acontecer, é inferior ao preço de mercado. Como exemplo, um terreno de 835 m² na Rua Espanha, em área residencial, na mesma região, tem valor venal de R$ 8 milhões. Entretanto, é anunciado por R$ 13,5 milhões na internet. Outro, na Rua Alemanha, com 664 m², tem valor venal de R$ 6,4 milhões, mas é vendido por R$ 9 milhões.

Na Avenida Groenlândia, um dos estacionamentos ocupa um terreno de 784 m² — com valor venal de R$ 8,9 milhões e IPTU anual de R$ 123,6 mil. Como não é suficiente, dado o volume de veículos, o estacionamento ainda usa a parte da frente de uma antiga mansão de portões baixos, datada de 1947.

Entre as avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima, onde ficam os Jardins, um dos estacionamentos consegue acomodar, com folga, até 250 carros simultaneamente.

Por baixo, um aluguel de R$ 300 mensais por vaga garantiria ao menos R$ 75 mil em faturamento. A estimativa é conservadora, porque é na primeira hora de estacionamento rotativo, que custa até R$ 30 , que se ganha dinheiro com esse tipo de negócio. Se houver um lava-rápido junto, então, os lucros crescem ainda mais.

Mas não é apenas por lucro que os proprietários cedem os seus terrenos à exploração de estacionamentos. É uma forma de conseguir pagar o imposto predial exorbitante, que muitas famílias não conseguem pagar, porque já não são ricas como antes.

Discussões

A disputa por espaço na cidade não está restrita só a um lugar para deixar o carro. Dá-se também em torno da verticalização de áreas destinas exclusivamente a casas. O futuro dos grandes lotes na zona mais rica da capital paulista é alvo de discussões no Plano Diretor e na Lei de Zoneamento da cidade, que serão alterados neste ano pela Prefeitura e pela Câmara Municipal.

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Em sondagem com agentes do mercado, a reportagem foi informada que “quem joga em casa”, com atual regulamento debaixo do braço, leva vantagem no momento. Ou seja, não deve ter prédio ou grandes mudanças no miolo dos Jardins nos próximos anos.

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Proibição

A Prefeitura de São Paulo afirmou que não é permitida a instalação de estacionamento em uma série de endereços apresentados pela reportagem, porque ficam em Zona Exclusivamente Residencial (ZER) ou Zona Corredor (ZCOR).

A Secretaria Municipal das Subprefeituras disse que a fiscalização do zoneamento é realizada com base na Lei 16.402/2016. “Quando constatada uma irregularidade, a multa é aplicada ao responsável pelo uso, no caso, o dono do estacionamento. Além da multa, a Lei prevê o encerramento das atividades no prazo de 5 dias”, disse.

Segundo a administração municipal, os endereços foram incluídos no cronograma de trabalho da equipe de fiscalização da Subprefeitura Pinheiros. “A data da ação não é informada para evitar interferências no andamento das ações”, disse.

O questionamento foi enviado no dia 8 de junho. Até a última quinta-feira (15/6), uma semana depois, os estacionamentos continuavam a funcionar normalmente.

Por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, a Prefeitura disse que está em fase de ajustes a proposta de revisão Lei de Zoneamento, que estabelece as regras de uso e ocupação dentro dos bairros. “Assim que finalizada, ela será encaminhada ao Legislativo”, afirmou.

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