Manifestantes ateiam fogo em avenida após MC Joninhas ser baleado
Segurando lençóis com a frase “Justiça e Paz”, manifestantes atearam fogo em pneus e em um colchão; funkeiro foi baleado na segunda-feira
atualizado
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São Paulo – Fogo, trânsito parado e gritos de “Justiça”. Dezenas de pessoas manifestam-se na zona sul de São Paulo no começo da noite desta quarta-feira (24/7) em protesto ao ataque sofrido pelo funkeiro MC Joninhas, que foi alvo de sete tiros por um GCM aposentado na segunda-feira (21/7).
Segurando lençóis com a frase “Justiça e Paz”, manifestantes atearam fogo em pneus e em um colchão, inviabilizando o trânsito na Avenida Jair Ribeiro da Silva, no bairro Cidade Dutra.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar, os manifestantes seguem em direção ao condomínio de Mc Joninhas, onde aconteceu a tentativa de assassinato do músico e de seu amigo Anderson Lima.
Os policiais tentam negociar para liberar a pista enquanto manifestantes avançam gritando Justiça entre os carros.
A tropa de choque, em torno das 19h, entrou em ação e o Corpo de Bombeiros também chegou também no local. Manifestantes gritam palavras de ordem e atravessaram a via gritando “Justiça”. A avenida está bloqueada nos dois sentidos.
O clima, em torno das 19h45, esquentou. De um lado, manifestantes seguem gritando palavras de ordem e pedindo “Justiça”. Do outro lado, os policiais da Tropa de Choque, posicionados desde às 19h, avançam. O corpo de Bombeiros lançou jato de água em direção aos manifestantes que passaram a atirar pedras. Os policiais reagiram com balas de borracha.
O funkeiro segue internado, em observação. Seu amigo, Anderson Lima, 25, está em coma, após ser ferido com quatro tiros.
Em depoimento à Polícia Civil, o guarda Jorge Joaquim do Nascimento, de 63 anos, alegou acreditar que as vítimas estariam envolvidas em um assalto no bairro Cidade Dutra.
O irmão do MC, o embalador Jonathan de Sousa, 30, afirmou ao Metrópoles, na manhã desta terça-feira (23/7), que aguardava, em frente ao condomínio onde ambos moram, Joninhas voltar de uma quadra de futebol do bairro, onde costuma jogar.
“Ele estava com uma moto e eu precisava dela, para ir à academia. Fiquei esperando em frente ao prédio e vi o carro do guarda passando e parando na esquina”.
O MC e seu amigo chegaram na sequência, cada qual em uma moto, parando-as em frente ao condomínio.
“Do nada, o GCM desceu do carro, a uns metros de distância, e começou a atirar, sem motivo nenhum. Só me abaixei e corri”, relembra Jonathan.
O irmão dele foi ferido no joelho esquerdo, de acordo com o embalador, e Anderson ficou caído na rua, ainda consciente, baleado quatro vezes.
O guarda aposentado saiu do local logo em seguida.
Anderson foi levado por familiares com um carro, em estado grave, para o Hospital Pedreira. Ele está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em coma induzido, após ser submetido a uma cirurgia.
Ferido no joelho, o MC também segue internado, em observação, após também ser submetido a um procedimento cirúrgico, no Hospital Grajaú.
Versão do GCM
Em depoimento à Polícia Civil, o GCM aposentado afirmou ser dono de um mercadinho, próximo ao local onde feriu as vítimas. Ele fechou o comércio, por volta das 21h, e rumou de carro para casa, acompanhado pela esposa, no mesmo condomínio onde o MC também mora.
“Ao se aproximar do portão escutou por diversas vezes ‘assalto, assalto’, visualizando três motocicletas no portão de seu condomínio”.
Ele então, segue o depoimento, foi com seu carro alguns metros adiante, desembarcou, e deu “alguns disparos de arma de fogo” em direção aos amigos que conversavam.
O guarda acrescentou que teria visto um dos alvos dos tiros armado e que, por isso, se afastou do local “por temer por sua segurança”.
Nenhuma arma foi encontrada no local. Somente a usada pelo guarda aposentado foi apreendida pela polícia.
Imagens de câmeras
O Metrópoles apurou que câmeras do condomínio, assim como próximas ao ponto de onde o GCM atirou, teriam registrado a dinâmica do caso.
As imagens do prédio, porém, não foram localizadas, segundo familiares do MC. Eles desconfiam que, enquanto socorriam o artista, os registros foram retirados do sistema.
A Polícia Civil segue na procura de imagens, para checar a veracidade do teor dos depoimentos.
O guarda aposentado e o advogado que o acompanhou, durante seu depoimento na delegacia, não foram localizados pelo Metrópoles. O espaço segue aberto para manifestações.
Quem é MC Joninhas
Jonas de Sousa, conhecido por MC Joninhas, tem 29 anos. Entre as músicas mais escutadas estão “Tudo Putiane” e “Trem Bala”. Um dos trechos do funk diz: “Nós pega, nós rasga ela, acaba com a vida dela. Deixa ela mexer com o Joninhas da favela, nós acaba com a vida dela”.