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Mafioso italiano fecha acordo para delatar segredos do PCC e do CV

Italiano Vicenzo Pasquino, apontado como elo da ‘Ndrangheta com o tráfico sulamericano, concordou em dar informações sobre as facções

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Reprodução/Estadão
Vicenzo Pasquino, mafioso
1 de 1 Vicenzo Pasquino, mafioso - Foto: Reprodução/Estadão

São Paulo — O italiano apontado como principal elo do tráfico de drogas da América do Sul com a máfia ‘Ndrangheta assinou um acordo de colaboração com a Justiça da Itália para entregar informações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), sobre o Comando Vermelho (CV) e as três famílias que integram sua máfia. A informação foi publicada pelo Estadão nesta quinta-feira (25/7).

Segundo o jornal, a delação de Vincenzo Pasquino, de 34 anos, pode provocar efeitos semelhantes aos sofridos pela máfia siciliana Cosa Nostra nos anos 1980, com as revelações feitas por Tommaso Buscetta. Assim como Buscetta, Pasquino foi preso no Brasil. Foi na Penitenciária Federal de Brasília, em 2023, que ele admitiu pela primeira vez seu envolvimento com atividades criminosas.

Em 6 de junho, o chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, procurador Giovanni Melillo, enviou um ofício ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, informando que Pasquino havia decidido delatar.

“O senhor Pasquino decidiu-se pelo caminho da colaboração com a Justiça, dando declarações e confissões que, já no estado atual (no início das conversas), parecem relevantes também para investigações reservadas à jurisdição da República do Brasil, referindo-se ao tráfico internacional de entorpecentes organizado por grupos criminosos brasileiros ligados ao Primeiro Comando da Capital e ao Comando Vermelho”, escreveu o procurador italiano no documento obtido pelo Estadão.

O colaborador, que está preso em Roma, contou aos procuradores que era integrante da ‘Ndrangheta desde 2011. Disse que era um “analfabeto” quando se ligou à ndrina Agresta de Volpiano, clã mafioso de origem calabresa que atua no Piemonte, norte da Itália.

Pasquino nasceu em Turim. Ali, se ligou aos albaneses, os quais reencontraria no Brasil, como Leart Gjimaraj, que havia sido preso com 15 quilos de cocaína e de maconha em 2014, escondidos em uma garagem em Turim.

Vida no Brasil

Pasquino veio para o Brasil em 2017 para trabalhar com o envio de drogas para a Itália. Estabeleceu-se primeiro no Paraná e, depois, mudou-se para São Paulo, após a prisão de outros mafiosos que atuavam em parceria com o PCC.

No Tatuapé, zona leste da capital, ele exercia a liderança da Sintonia do Tomate, que cuidava do tráfico transatlântico da facção, coordenando a logística de exportação da droga.

Pasquino comprou dezenas de imóveis e levava vida de luxo. A aliança entre as duas organizações com a Máfia dos Bálcãs para levar cocaína à Europa encheria os cofres da cúpula da facção e de aliados – só o PCC lucraria mais de US$ 1 bilhão por ano com o tráfico.

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