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Golpe do buffet: clientes e fiadora denunciam empresa de festas em SP

Empresa é acusada por clientes e uma fiadora acusada de aplicar golpes em contratos de festas de casamento e no aluguel de imóveis em SP

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Arquivo pessoal
Imagem colorida de viatura da polícia militar. Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de viatura da polícia militar. Metrópoles - Foto: Arquivo pessoal

São Paulo — Clientes e uma ex-fiadora acusam uma empresa de festas de aplicar golpes tanto nos contratantes quanto em sócios no aluguel de imóveis.

As denúncias contra a empresa, chamada Cidade Prime, chegaram ao Metrópoles após o portal revelar o caso de um casal de noivos que percebeu estar sendo vítima de um golpe durante uma festa de casamento realizada no último sábado (16/11), no salão da empresa localizado na Rua Paulínia, no jardim Anália Franco, zona leste de São Paulo.

Uma mulher, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que o irmão também foi vítima da empresa um dia antes, no feriado do dia 15 de novembro.

Festa improvisada

Segundo ela, o familiar fechou contrato com a Cidade Prime em abril deste ano. Ela afirmou que a companhia mudou de nome em fevereiro e agora é chamada de Nova Mansão Esplêndida. A mulher conta que a desconfiança do casal de noivos começou já no dia da degustação, a cerca de duas semanas antes da festa de casamento, quando a empresa cancelou o evento horas antes do combinado.

Já no dia da celebração os problemas começaram com 40 minutos de festa. De acordo com o relatado pela mulher, os salgados e bebidas servidos pelos jovens garçons – segundo ela, o mais velho aparentava não passar de 19 anos – não chegavam perto do suficiente.

“Era meia dúzia de copo e não era em todas as mesas que eles [garçons] passavam. Meu marido estava morrendo de sede.”

Ela conta que, depois de esperar cerca de uma hora e meia por uma bebida, foi até a copa do buffet para ver “se o problema era os convidados, que não estavam deixando as coisas descerem para as mesas, ou se o problema era o buffet”.

A testemunha afirmou que orientou os garçons de como servir as mesas, embora os alimentos e bebidas oferecidos pelo buffet não fossem compatíveis com o número de convidados.

Mesmo com a nova orientação as bebidas não estavam chegando aos convidados. Depois de duas horas, a mulher voltou à copa e, ao entrar no local, percebeu que de fato a comida estava escassa:

“Tinha duas senhoras preparando um pacote de pão puma para cerca de duzentas pessoas. Elas estavam cortando umas rodelinhas bem pequenininhas. Elas cortavam aquele pão puma bem lentamente e colocavam aquela bisnaga de requeijão. As senhoras apertavam e colocavam um ‘coisinho’ em cima e aí serviram aquilo. O pessoal falou que não passou em todas as mesas”, relatou a mulher.

Assim como o caso de um casal de noivos que descobriu estar sendo vítima desse mesmo tipo de golpe, contado pelo Metrópoles na última segunda-feira (22/11), os familiares desta festa também começaram a perguntar pelo(a) dono(a) do salão, porém não obtiveram sucesso. A vítima ouvida pela reportagem disse que reconheceu a mulher, que apareceu na matéria divulgada pelo portal, na cozinha do casamento do irmão, e decidiu entrar em contato.

Agressões e ajuda na cozinha

Percebendo a falta dos serviços prestados, a mulher foi até a cozinha do local, localizada no quarto andar. Ela tentou entrar no cômodo, mas foi barrada pela chefe de cozinha, que dizia que a cobrança feita pelos convidados estava atrapalhando o seu trabalho.

A mulher insistiu e uma confusão se iniciou. Segundo o relatado pela testemunha, a cozinheira disse ter sido agredida, assim como uma convidada, e a PM foi acionada.

Ao chegar no endereço, os agentes fizeram com que os convidados pudessem entrar na cozinha. Ao perceber que os processos estavam todos atrasados, os próprios convidados ajudaram no preparo do prato escolhido pelo casal para a celebração: um macarrão e um baião de dois.

Além disso, a mulher encontrou a cozinha em condições higiênicas inadequadas:

Veja:

7 imagens
Máquina de lavar dentro da cozinha de salão de festas
Cozinha de salão de festa
Funcionários tentaram impedir a entrada dos convidados na cozinha
Imagens da cozinha em condições inadequadas
Testemunha disse que havia pouco salgados, insuficientes para o número de convidados
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Cozinha de salão não apresentava condições adequadas de higiene

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Máquina de lavar dentro da cozinha de salão de festas

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Cozinha de salão de festa

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Funcionários tentaram impedir a entrada dos convidados na cozinha

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Imagens da cozinha em condições inadequadas

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Testemunha disse que havia pouco salgados, insuficientes para o número de convidados

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Imagens da cozinha de salão de festas de casamento

Arquivo pessoal

Em relação a falta de bebidas e petiscos, os próprios convidados foram até uma adega próxima e compraram o suficiente para dar sequência à festa, sem que os noivos percebessem que algo de errado acontecia no momento.

O bolo também precisou ser comprado pelos convidados. A família não registrou boletim de ocorrência.

Caso recorrente

No dia seguinte, no sábado (16/11), um casal de noivos relata ter sido vítima dos mesmos problemas. Um registro em vídeo mostra as condições da cozinha e flagra até uma barata andando pelo chão do cômodo.

Veja:

O homem disse que procurou a gerente da empresa presente no local buscando esclarecimentos, mas ouviu dela que a dona do salão não se encontrava no local e que o problema não tinha previsão para ser solucionado.

Entretanto, de acordo com a família, foi descoberto que a funcionária, na verdade, era a dona do local e que estava ali o tempo todo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a proprietária do salão não estava presente no momento da ocorrência. Ainda de acordo com a pasta, os noivos contrataram o local por R$ 18.000. O homem diz que considera um prejuízo todo o dinheiro gasto.

A noiva, chamada Monique, está grávida e ficou muito abalada com toda a situação, relatou a mãe da mulher ao Metrópoles.

Os funcionários contratados pela gestão do salão também alegaram sofrer com condições inadequadas. Eles contaram que não foram pagos pelo trabalho e que não se alimentaram. Além disso, afirmaram que era a primeira vez que trabalhavam para empresa, mas que também seria a última.

Ao contrário do primeiro caso, a família registrou boletim de ocorrência e o ocorrido está sendo investigado como estelionato pelo 42° DP.

Calote em fiadora

Mônica Alves afirmou ao Metrópoles que os golpes da empresa não se limitam aos casais de noivos. Ela conta que foi fiadora da dupla tratada como “os cabeças da empresa”, Samila Aparecida Carlos e Marcelo Durant Vieira.

Hoje, com uma dívida de R$ 1,5 milhão e um imóvel penhorado por conta da dívida deixada pelo casal, a mulher está entrando com um processo criminal contra os proprietários do salão de festa.

Em uma das provas anexadas ao processo, um ex-funcionário conta que a dupla aliciou outras pessoas para criarem outras empresas e disfarçar a atuação do grupo. A testemunha ainda conta que tem R$ 15 mil a receber dos donos e que “se tivesse dinheiro” entraria com processo trabalhista pelas condições de trabalho oferecidas pela empresa.

Segundo um gráfico apresentado no processo, outras cinco empresas foram criadas nesse esquema de criação de novos CNPJs. Todas ligadas à empresa inicial, chamada de Mansão Cidade Prime.

Além dos donos, são mencionados nos diagramas os sócios Renata Aparecida Sobrinho, Kelly Rosangela Maria de Souza, Gabriel Iago Neves dos Santos, Erick Marcos Damaceno e Ellen Gonçalves de Moraes Damaceno.

Das seis companhias totais, nenhuma durou mais de dois anos abertos sem uma ordem de despejo.

Em um dos áudios também anexados na denúncia, uma outra vítima afirma acreditar que o grupo deve mais pessoas, sendo funcionários, ex-funcionários e fiadores. O homem acredita que os citados agem de maneira proposital e sugere que as denúncias “tirem tudo”.

Mônica conta que os próximos passos devem ser tratados na Justiça:

“Eu com meu advogado estamos entrando com uma queixa crime, porque recebemos denúncias, até em relação ao nosso contrato, que está totalmente legal. Nós vamos falar com um pessoal na próxima semana. Com juízes, desembargadores porque eles não podem deixar eu perder meu único imóvel e ainda continuar devendo”, desabafou.

O Metrópoles procurou contato com a empresa para questionar sobre o apresentado na reportagem, porém localizou os envolvidos. O perfil da empresa em sites de pesquisa não oferece opções de contato e as respectivas contas em redes sociais saíram do ar. Espaço segue em aberto.

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