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Mãe vê racismo e diz que se sentiu “um lixo” por prisão de professor

Mãe do professor Clayton dos Santos diz que racismo acompanha o filho a vida inteira e que se sentiu um lixo com a prisão dele em São Paulo

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São Paulo — Mãe de Clayton Ferreira Gomes dos Santos, professor negro de 40 anos que ficou dois dias preso acusado de cometer um crime a 200 km de onde estava, a aposentada Jacira Monteiro dos Santos, 67, conta que o racismo faz parte da vida do filho desde a infância na Vila Liviero, na periferia da zona sul paulistana.

Segundo ela, não foram poucas as situações em que a cor da pele foi determinante para que tratassem Clayton de forma diferente dos demais, seja em relacionamentos afetivos, no transporte público ou como suspeito de algo que não cometeu, como ocorreu nesta semana.

“Eu me senti um lixo. Se fosse um branco, eles não teriam algemado. Meu filho é preto, pobre e somos honestos”, afirma Jacira ao Metrópoles.

Ela lembra do dia em que estava com o filho em um supermercado e foi abordada por um segurança. O motivo seria o fato de terem aberto a embalagem de um doce antes de passar pelo caixa, onde fariam o pagamento. Jacira se revoltou e questionou o funcionário destacado para abordá-los.

“Por que só pegou meu filho? Por que é preto? Porque tinha acabado de passar um branco comendo doce e a câmera não pegou”, diz.

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Professor Clayton Ferreira Gomes dos Santos, de 40 anos, preso por reconhecimento fotográfico em São Paulo
Professor Clayton Ferreira Gomes dos Santos, de 40 anos, preso por reconhecimento fotográfico em São Paulo
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Nesta semana, a mãe do professor viu ressurgir a mesma revolta de quando andava de mãos dadas com Clayton na infância dele. Ele cresceu, mas certas coisas não mudaram.

A esposa do professor, Claudia Gomes, também coleciona uma série de situações. Ela conta que em um dos casos, ao entrarem em uma loja de artigos esportivos, o segurança imediatamente foi atrás do marido.

Embora tenha lidado desde sempre com olhares desconfiados e episódios de perseguição por ser negro, Clayton nunca ficou na defensiva, desde os tempos em que era atacante da base do time de futebol do São Caetano, no auge do clube, no início dos anos 2000.

O temperamento explosivo, o gênio forte e o porte físico renderam comparações com o ex-jogador Serginho Chulapa, que foi artilheiro de Santos, do São Paulo e titular da Seleção Brasileira na Copa de 1982. “Eles me chamavam de Clayton Chulapa”, lembra o professor.

A imaturidade fez o ex-atleta perder até um contrato para jogar na Coreia do Sul, quando ainda se arriscava pelos campos de futebol. “Por erro da minha própria pessoa. Era bravo, mandão”, afirma.

Agora, aos 40 anos, com a experiência de vida, ele tenta ensinar aos alunos da Escola Estadual Deputado Rubens do Amaral, no Jardim da Saúde, zona sul, a importância da educação. “Sendo educado, respeitoso, você pode almejar coisas grandiosas na vida. Não importa de onde você venha.”

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