Mãe de são-paulino morto pede justiça: “Meu filho levou tiro na nuca”
Vilma Custódio dos Santos afirma que o filho Rafael não era de violência e reclama de descaso das autoridades sobre a morte do são-paulino
atualizado
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São Paulo – A voz de Vilma Custódio dos Santos fica embargada assim que ela começa a falar sobre o filho, o torcedor são-paulino Rafael Garcia, morto no último domingo (24/9) durante a comemoração do título da Copa do Brasil, no Morumbi, zona sul de São Paulo.
“Eu sei que o meu filho não é de violência, que ele era sossegado, tranquilo. Tá doendo demais”, afirma a mãe.
Em entrevista ao Metrópoles nesta terça-feira (26/9), mesmo dia em que enterrou Rafael, Vilma diz que o caso do filho vem sendo tratado com descaso.
“Autoridade nenhuma veio me procurar. Meu filho foi assassinado. Foi um descaso total, meu filho levou um tiro na nuca”, afirma.
Ela soube da morte na madrugada de domingo e passou horas sem saber onde estava o corpo do filho. “Ninguém veio me procurar [para avisar]”, diz Vilma.
Quando finalmente encontrou Rafael, se deparou com um corpo machucado e inchado. “Foi o pior momento”, diz ela, desde que teve a notícia de que o filho não sobrevivera à confusão no entorno do Estádio do Morumbi.
Agora, ela diz que quer justiça. “Eu não estou culpando ninguém. Eu só quero saber o que fizeram com meu filho”, afirma.
Vilma diz que Rafael era apaixonado pelo São Paulo, time que conheceu por influência da “irmã de criação”. Com deficiência auditiva, ele criou uma torcida organizada própria, com outros são-paulinos que também eram surdos.
Na casa dele, em Itapevi, na região metropolitana de São Paulo, restaram dezenas de camisetas e bonés do tricolor. A mãe diz que costumava brigar com o filho quando ele saía com o uniforme, por medo de que ele fosse vítima de alguma violência. “Parecia que eu estava prevendo isso tudo”.
Vilma afirma que casos como este não podem mais acontecer. “Hoje foi o meu filho que foi enterrado, [próximo] domingo vai ser quem?”, afirma ela.
Segundo a declaração de óbito emitida pelo serviço funerário municipal, Rafael foi morto com um tiro na cabeça. O caso foi registrado como “promoção de tumulto e homicídio” e é investigado pela Polícia Civil.
Até a noite desta terça, o São Paulo Futebol Clube não havia emitido nenhuma nota sobre o caso. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que as investigações seguem pelo DHPP, que atua para esclarecer todas as circunstâncias relativas aos fatos. Já a Polícia Militar afirmou que 16 PMs ficaram feridos no tumulto e que apura as circunstâncias da morte de Rafael.