Mãe de motorista de Porsche é indiciada por impedir exame toxicológico
Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, retirou filho da cena do crime e não o levou até hospital, como se comprometeu a fazer
atualizado
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São Paulo — Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, será indiciada pela Polícia Civil por fraude processual, porque ela inviabilizou que seu filho, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, fosse submetido a exames toxicológicos. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (3/4), em sigilo, por fontes policiais que acompanham o caso.
O empresário foi indiciado por homicídio, após bater o carro de luxo que conduzia, em altíssima velocidade, contra o veículo do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, na madrugada do domingo (31/3). A vítima morreu logo após dar entrada no Hospital Municipal do Tatuapé.
Em seu depoimento, obtido pelo Metrópoles, Fernando diz que tinha acabado de sair de uma casa de pôquer com um amigo antes da colisão, na Avenida Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo, e afirma que não ingeriu bebidas alcoólicas. Ele abandonou o Porsche, avaliado em R$ 1,2 milhão, fugiu sem prestar socorro à vítima e só se apresentou à polícia 38 horas depois.
Duas testemunhas que ajudaram a prestar os primeiros socorros ao motorista de aplicativo afirmaram, em depoimento à Polícia Civil, que Fernando apresentava “sinais de embriaguez, [estava] cambaleando, com voz pastosa e não sabia dizer o que estava acontecendo”.
Carine Acardo Garcia, que compõe dupla de defensores do empresário, foi procurada pelo Metrópoles, para saber se ela iria defender também a mãe de seu cliente. Ela afirmou, no início da tarde desta quarta-feira, que irá “aguardar” para se posicionar. “Quando eu tiver a notícia dele [indiciamento] posso te responder”.
Daniela Cristina não foi encontrada para comentar sobre a decisão da polícia. O espaço segue aberto para manifestações.
Sem ir ao hospital
Como mostrado pelo Metrópoles, a mãe de Fernando foi até o local do acidente e disse aos policiais militares que atenderam a ocorrência que ia levar o filho para o Hospital São Luiz no Ibirapuera.
Os PMs liberaram os dois e depois foram à unidade de saúde com o intuito de realizar o exame de bafômetro no empresário. No local, foram informados que ele não havia dado entrada em nenhum hospital da rede.
A conduta dos PMs que liberaram a saída de Fernando Sastre Filho será investigada pela corporação.
Em seu depoimento, o empresário admitiu que, de fato, não foi para nenhum hospital. Ele disse que sua mãe o levou para casa, onde repousou. Depois, ela teria dito que tinha recebido ameaças pelo celular, sem especificar de quem, e que achou melhor não buscar atendimento médico para o filho.
A Polícia Civil e Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediram a prisão temporária do empresário, mas a Justiça negou. O delegado Nelson Vinicius Alves, assistente do 30° Distrito Policial (Tatuapé), afirmou que Fernando não demonstrou arrependimento durante seu depoimento. “Ele usou o carro como arma”, disse.
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CNH suspensa
Registros no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) mostram que o empresário já teve a habilitação suspensa por estourar pontos em infrações, entre elas excesso de velocidade. Prontuários do Detran, obtidos pelo Metrópoles, mostram que Fernando havia recuperado o direito de dirigir 12 dias antes do acidente.
Em seu depoimento, Fernando também admitiu que dirigia o carro de luxo “um pouco” acima do limite de velocidade da via, que é de 50 km/h.
Os prontuários do departamento de trânsito ainda mostram que a suspensão do direito de dirigir do empresário ocorreu em 5 de outubro de 2023. Entre as multas que estouraram seus pontos na carteira está uma por excesso de velocidade, de 31 de dezembro de 2020, em Cascavel (PR). A infração é punida com sete pontos.
Durante nove dias, em novembro de 2023, Fernando Filho realizou um curso de reciclagem de condutores e, além disso, ficou com o direito de guiar carros e motos suspenso por cinco meses. Ele conseguiu uma nova CNH em 19 de março deste ano.