Mãe de estudante morto pela PM pede a Tarcísio saída de Derrite. Vídeo
Mãe de estudo de medicina morto pela PM em novembro, a médica Silvia Mônica Cárdenas disse que Derrite é incompetente e dá mau exemplo
atualizado
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São Paulo — A mãe do estudante de medicina Marco Aurélio Cárdenas Acosta, morto em novembro pela Polícia Militar (PM), fez um apelo público ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pela demissão do secretário da Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite. Para a médica Silvia Monica Cárdenas, o secretário dá mau exemplo para a tropa e é incompetente para ocupar o cargo.
O pedido de Silvia foi feito em entrevista nessa quarta-feira (8/1), quando a família se manifestou sobre o relatório que trata sobre a morte de Marco Aurélio, assassinado com um tiro pelo policial militar Guilherme Augusto, em 20 de novembro, depois de uma perseguição após dar um tapa no retrovisor de uma viatura. O estudante estava desarmado e encurralado contra as grades em um hotel na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. O PM foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), que pediu sua prisão.
“Tarcísio, você tem que se redimir. Não existe inimigo pequeno neste mundo. Você precisa demitir Derrite, não lhe dando um cargo melhor, mas simplesmente reconhecendo que ele é incompetente para governar as forças policiais”, afirmou.
A mãe da vítima de violência policial afirma que o “exemplo é uma coisa que nós, seres humanos, seguimos”. “Então, o que acontece com o pessoal da farda? Se o chefe acha e fala ‘ah, eu fui expulso da Rota, porque matei muito bandido’, o chefe de segurança máxima. ‘O que acontece? Eu também mato’. E eles mataram o meu filho por xenofobia, sim, porque é descendente indígena. Mataram e deixaram morrer”, afirmou Silvia Mônica.
No passado, Derrite já afirmou que foi expulso das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) por ter “matado muito ladrão”. Em 2015, em um áudio vazado de um grupo de mensagens, também criticou colegas da corporação que não tinham se envolvido em pelo menos três mortes decorrentes de intervenção policial em cinco anos de trabalho.
A mãe do estudante de medicina também criticou o fato de o filho não ter recebido socorro imediato, após o disparo realizado pelo PM. “Vocês ficaram mais de meia hora, tanto que o atestado de óbito do meu filho é hemorragia. Eu não perdoo isso”, disse.
Responsabilização
Silvia Mônica afirmou que viu 69 vezes o vídeo da execução de seu filho. Disse também que Tarcísio tem sob sua responsabilidade pessoas que são comprovadamente assassinas. “Nos dias após a morte do meu filho, a polícia continuou a fazer barbáries.”
A médica intensivista afirma que a PM paulista está corrompida. “Tarcísio está permitindo que isso se converta em uma militarização. A única coisa que interessa a Tarcísio é ganhar votos fazendo uma falsa ilusão de que as pessoas que vivem em zonas mais favorecidas se sintam protegidas”, disse.
Silvia Mônica disse também que as pessoas que moram na periferia não tem muitas vezes “uma câmera, a força, a energia, de lutar por um filho, porque muitas vezes não têm recursos, porque têm que trabalhar para ganhar um salário mínimo”, disse. E criticou o governador. “Tarcísio, tudo o que você poderia tirar de mim, tudo o que tinha medo de perder, você tirou”, disse.
O caso
O estudante de medicina foi morto por um tiro à queima-roupa disparado por um policial militar durante uma abordagem. Pelas imagens, é possível ver o momento em que Marco Aurélio entra correndo no hotel. Ele está sem camisa. Um PM também entra, logo em seguida, e puxa o jovem pelo braço, com a arma em punho.
O estudante consegue se desvencilhar, quando outro policial aparece e lhe dá um chute. Imagens de um relatório de câmeras corporais, anexadas ao relatório de investigação, mostram o rapaz encurralado, quando o agente armado dá um tiro em Marco Aurélio.
A versão apresentada pelos PMs no BO registrado no dia do assassinato é que Marco Aurélio Cárdenas Acosta estaria “bastante alterado e agressivo” e teria resistido à abordagem policial.
As imagens do circuito interno do hotel mostram que o PM Guilherme Augusto atirou após o soldado Prado dar um chute no estudante, ter a perna segurada por ele e cair para trás, desequilibrado.
O que dizem governo de São Paulo e SSP
O governo do Estado de São Paulo diz que “lamenta profundamente” a morte do estudante. Também fala que todo e qualquer desvio de conduta por parte dos seus agentes é investigado e severamente punido.
“A Polícia Civil concluiu o inquérito policial que apurava a morte, em uma ação de policiais militares. O procedimento foi relatado à Justiça com pedido de prisão preventiva do autor do disparo por homicídio doloso eventual”, diz, em nota.
“O policial já havia sido indiciado no inquérito policial militar (IPM) por homicídio doloso e permanece afastado das atividades, assim como o PM que o acompanhava no dia do ocorrido. A autoridade policial aguarda a manifestação do Poder Judiciário”, afirma.