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“Lista de boicote”: MPSP denuncia autores de retaliação pró-Bolsonaro

MP denunciou três pessoas em Cafelândia (SP) por criarem “lista de boicote” a comerciantes que não declararam voto em Bolsonaro nas eleições

atualizado

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1 de 1 Montagem colorida com imagens de Lula e Bolsonaro - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou três pessoas que teriam criado e divulgado uma “lista de boicote” com nomes de sete comerciantes de Cafelândia, no interior de São Paulo, que não votaram em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de 2022.

De acordo com o MPSP, os acusados faziam parte de um grupo no WhatsApp usado para atacar indivíduos apontados como “esquerdopatas” e “traidores”. Uma das vítimas relatou que, após a relação ser divulgada, uma bomba foi jogada em frente ao seu comércio.

As três denúncias foram feitas com base em dois inquéritos policiais. Um deles, no âmbito eleitoral, investiga tentativa de coação de Andre Luiz Bozzo para que os comerciantes votassem em Bolsonaro. Já o outro, no âmbito penal, apura relatos de perseguição por parte de Davoine Francisco Colpani e Edson Parra Nani Filho, que teriam ameaçado comerciantes mencionados na lista.

O Metrópoles busca contato com os três denunciados. O espaço segue aberto para posicionamentos.

“Patriotas de Cafelândia”

Segundo uma das denúncias apresentada nessa segunda-feira (10/4) pelo MPSP, Davoine e Edson criaram a “lista de boicote” aos estabelecimentos em um grupo no WhatsApp chamado “Patriotas de Cafelândia”, em outubro de 2022. Os dois teriam divulgado a lista também no Facebook e em folhetos distribuídos fisicamente pela cidade, que tem população estimada pelo IBGE de 17,9 mil pessoas.

As vítimas relataram terem sofrido com ameaças e xingamentos. Algumas afirmaram que passaram a ter receio de sair na rua. Também reclamaram de dificuldades financeiras decorrentes da perda de clientes e faturamento baixo atípico para a época do ano.

A dona de um bar afirmou ter sido vítima de um atentado a bomba após a divulgação da lista.

“Chegaram a passar na frente do meu estabelecimento e jogaram uma bomba. Foi uma caminhonete que passou, de cor azul, acho que uma Ranger. A menina que trabalha comigo quem viu e me falou. Eu escutei, corri e vi a bomba no chão. Meu marido também viu”, disse ela em depoimento.

“As vítimas (que ’em sua maioria possuem famílias, filhos pequenos, responsabilidades, contas a pagar’) tiveram sua integridade física e psicológica ameaçadas com a inclusão ilegal de seus nomes na “lista de boicote”, causando temor e sofrimento inclusive em seus amigos e familiares, chegando ao ponto de pessoa ainda não identificada ter arremessado uma bomba contra um estabelecimento comercial”, diz trecho da denúncia.

Na outra denúncia, consta o relato do dono de uma mercearia que foi abordado por Andre Bozzo para que colocasse uma bandeira do Brasil em frente ao local. Caso contrário, disse a vítima, a empresa passaria a ser parte de uma “lista de boicote” que circulava em grupo de WhatsApp chamado “Patriotas”.

A vítima relatou que, após ter se negado a colocar a bandeira, o seu nome foi colocado na lista e o movimento na mercearia caiu bruscamente, provocando prejuízo financeiro.

No segundo turno de 2022, Bolsonaro teve 5.912 votos em Cafelândia, o equivalente a 62,51%; Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu 3.545 votos e ficou com 37,49%.

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