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Líder do PCC ligado à UpBus é suspeito da morte de Vinícius Gritzbach

Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, teria “condenado” Gritzbach à morte. Líder do PCC foi citado em delação

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Imagem colorida de Cebola, do PCC. Ele é um homem branco, de cabelo curto - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Cebola, do PCC. Ele é um homem branco, de cabelo curto - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – Um dos principais suspeitos pela morte do delator Antônio Vinícius Gritzbach é o chefão do Primeiro Comando da Capital (PCC) Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, de acordo com um dos integrantes da força-tarefa que investiga o caso ouvido pelo Metrópoles.

Já apontado como “sintonia final do progresso” , Cebola é acusado de lavar dinheiro para a facção, enviando mais de R$ 1,2 bilhão para o Paraguai, e ex-diretor da empresa de ônibus UpBus. Em abril, ele foi alvo da Operação Fim da Linha, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo contra a infiltração do PCC no transporte público da capital, e se encontra foragido.

Cebola teria “condenado” Gritzbach à morte em dezembro de 2021, após o assassinato dos integrantes do PCC Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, vulgo “Sem Sangue”, também ligados à UpBus. Gritzbach, que teria desviado R$ 40 milhões de Cara Preta, era apontado como mandante do crime.

Em seu acordo de delação premiada, homologado em abril deste ano, Vinícius Gritzbach se comprometeu a compartilhar informações sobre o envolvimento de Cebola nos mecanismos usados pelo PCC para lavar dinheiro.

O delator afirmou que foi apresentado por um colega a um homem identificado como Cebola, que se dizia comprador de um imóvel no Edifício Camille, no Tatuapé, de 280 metros quadrados. O imóvel acabou ficando formalmente em nome do advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude.

Mude seria a pessoa que aparece em um áudio entregue por Gritzbach ao MPSP em uma conversa com um policial civil do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Na gravação, ele oferece R$ 3 milhões pela morte do delator.

“Você acha que três [milhões] vai?”, pergunta o advogado. “É, pensa nos três, vai pensando, me fala depois”, responde o policial. “Mas você acha que tá fácil resolver ou tá complicado?”, questiona Mude, ao que o policial afirma: “Tá fácil, facinho”.

Ahmed Hassan, o Mude, era acionista da empresa de ônibus UpBus e foi um dos 13 presos na Operação Decurio, em agosto deste ano. Posteriormente, ele passou a cumprir a pena em prisão domiciliar. Segundo o MPSP, o advogado teria intermediado o pagamento de propina a policiais. A sede da UpBus seria usada como uma espécie de escritório da facção.

Ascensão no PCC

A folha de antecedentes de Cebola, obtida pelo Metrópoles, mostra que ele foi preso pela primeira vez em janeiro de 1998, acusado de roubo. Inicialmente, ficou detido na carceragem do 4º Distrito Policial de Guarulhos, na Grande São Paulo.

O criminoso também passou por penitenciárias de Valparaíso, Lucélia e Mirandópolis, no interior paulista, antes de receber liberdade condicional em 2002.

Dez anos depois, em junho de 2012, ele foi preso por policiais militares da Rota na garagem de uma empresa de transportes, na zona leste da capital, onde havia 635 quilos de maconha e mais de R$ R$ 149 mil. Segundo a investigação, Cebola trabalhava oficialmente na Cooperativa Associação Paulistana, do ramo de transporte, mas, na verdade, já exercia cargo de liderança no PCC.

O traficante ficou detido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, também no interior, que abrigava a cúpula da facção naquela época. Entre os detidos na cadeia de segurança máxima, estava Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o chefão do PCC.

Lavagem para o PCC

Cebola conseguiu um habeas corpus e foi beneficiado com alvará de soltura em abril de 2014. Meses depois, em outubro, ele seria condenado a 14 anos, 3 meses e 15 dias de prisão, por tráfico de drogas e associação criminosa, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), mas não voltou para a cadeia.

Em 2020, Cebola foi um dos denunciados pelo MPSP no âmbito da Operação Sharks, a primeira a atacar a célula financeira do PCC, que identificou o envio de R$ 1,2 bilhão da facção para o Paraguai, por meio do esquema de “dólar cabo”, técnica de lavagem de dinheiro.

O MPSP diz que o traficante participava das “redes fechadas de comunicação do PCC”, formada apenas por chefões, e era braço direito de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, então apontado como sucessor de Marcola nas ruas.

Segundo a denúncia, Cebola era responsável pela logística de cargas de cocaína, oriundas principalmente da Bolívia, e por administrar os gastos da “cozinha” – nome dado aos laboratórios de droga da organização criminosa.

Parte dos acusados na Operação Sharks foi condenada pelo esquema de lavagem do PCC. No caso de Cebola, no entanto, a Justiça paulista entendeu que não haveria indícios suficientes para aceitar a denúncia.

Execução de Gritzbach

Vinícius Gritzbach foi morto com tiros de fuzil após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira (8/11), voltando de uma viagem a Maceió com a namorada. Homens encapuzados desceram de um carro na área de embarque e desembarque e começaram a atirar. Foram 29 disparos, segundo a polícia. Além do delator do PCC, o motorista Celso Araújo Sampaio de Novais morreu.

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
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Rival de PCC é morto em aeroporto
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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

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Quatro policiais militares eram responsáveis pela segurança de Gritzbach no momento do ataque. Todos estão afastados e são investigados por suspeita de envolvimento no crime. Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, instantes antes do ataque, pararam em um posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada do delator.

Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, uma das caminhonetes em que estavam não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido até o local, acompanhado do filho de Gritzbach. Um outro PM acompanhou o empresário na viagem a Alagoas e disse à polícia nessa segunda-feira não ter percebido qualquer movimento suspeito no aeroporto, segundo seu defensor. “Nós só queremos descobrir a verdade e achar os verdadeiros culpados dessa situação”, afirmou o advogado Guilherme Flauzino.

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