Líder de cartel do PCC é CAC e fez ameaças: “Resolver no brinquedinho”
Ministério Público de São Paulo aponta “violência e periculosidade” em conversas de Latrell Brito, acusado de liderar cartel do PCC em SP
atualizado
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São Paulo — Apontado como líder do suposto esquema de fraude em contratos com prefeituras e câmaras municipais para favorecer o Primeiro Comando da Capital (PCC), o empresário Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, tinha licença de Caçador, Atirador e Colecionador de armas (CAC) e fazia questão de registrar no WhatsApp ameaças a rivais.
A “violência e periculosidade” na “tônica” das conversas de Latrell sobre armas e ameaças foi evidenciada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em denúncia contra o empresário e políticos para quem pagou propina. Entre os acusados estão quatro vereadores de diferentes cidades da Grande São Paulo e do litoral — três estão presos. Neste capítulo da acusação, promotores descrevem elos dele e de um de seus sócios com a facção criminosa.
Segundo o MPSP, embora tenha registro legalizado de CAC, Latrell utiliza suas armas para “atuação ilícita”. Em um vídeo, ele manda uma mensagem a um interlocutor e pergunta a ele se deve resolver uma “pendenga” no “brinquedinho”, fazendo referência ao armamento.
“Vou resolver, DÉ! Você quer que eu resolva com a carteira vermelha ou cê quer que resolva com esses dois brinquedos, aqui. Dois, não, tem mais um aqui, mais um, três, três brinquedinhos. Você quer a carteira vermelha ou esses brinquedos aqui?”, disse na gravação.
Segundo o MPSP, a atuação de Latrell e um de seus sócios “está vinculada a outra série de ilícitos, notadamente para prestigiar interesses escusos que extrapolam o benefício pessoal e alcançam efetivamente o PCC”.
Latrell foi denunciado nesta semana pelo MPSP e está foragido. Segundo a acusação, obtida pelo Metrópoles, o dinheiro oriundo das fraudes do PCC era usado para desfrutar de viagens internacionais, festas regadas a bebidas e servia até para a poupança milionária para bancar a faculdade da filha.
O esquema descoberto envolve fraudes de pelo menos R$ 200 milhões em contratos de mais de dez cidades paulistas, a partir de empresas registradas em nome de laranjas, além do pagamento de propina, via Pix ou dinheiro vivo, para agentes públicos. Outros participantes também usufruíam das regalias, de acordo com a denúncia.
O Metrópoles não conseguiu localizar a defesa de Latrell Brito até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.