Laudo confirma que sangue encontrado em carro é de secretária da Apae
Um laudo pericial confirmou que os vestígios de sangue encontrados em carro são de Claudia Regina da Rocha Lobo, secretária da Apae de Bauru
atualizado
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São Paulo — Um laudo pericial divulgado nesta segunda-feira (16/9) confirmou que os vestígios de sangue encontrados no carro onde Claudia Regina da Rocha Lobo foi vista pela última vez com vida são dela. A Polícia Civil esclareceu, em 26 de agosto, que a secretária-executiva da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru, no interior de São Paulo, foi assassinada.
Segundo informou ao Metrópoles o delegado Cledson Nascimento, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, o laudo foi elaborado a partir de comparação das amostras do sangue com objetos pessoais de Claudia, que foram fornecidos pela sua filha, Letícia Rocha Prado.
Cláudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, foi morta em 6 de agosto, mesmo dia em que se encontrou com o então presidente da entidade Roberto Franceschetti Filho, como mostram registros de uma câmera de monitoramento. Ele está preso, em cumprimento a um mandado de prisão temporária, renovado na última sexta-feira (13/9), e é considerado o principal suspeito pelo crime.
Segundo laudo divulgado nesta segunda, ainda foi confirmado que o funcionário do almoxarifado da Apae, Dilomar Batista, suspeito de ter ajudado Franceschetti a queimar o cadáver de Claudia, também esteve no veículo.
O laudo com amostras de DNA retiradas de pertences pessoais de Franceschetti ainda não foi divulgado.
Como motivação do crime, a polícia trabalha com “fortes indicativos de rombo no caixa da entidade assistencial, má gestão e conflitos de interesse entre presidente e secretária-executiva”.
De acordo com a Deic de Bauru, um novo inquérito policial foi instaurado para investigar exclusivamente a dinâmica do desvio de recursos e como isso poderia ter resultado na morte de Claudia.
Para isso, a polícia aguarda os resultados da quebra dos sigilos bancários e do conteúdo dos celulares de Claudia e Roberto.
Relembre o caso
Em 6 de agosto, imagens de câmera de segurança flagraram a funcionária deixando o prédio onde fica o escritório administrativo da entidade, com um envelope na mão, em direção a uma Spin branca (veja abaixo). Esse foi o dia em que Claudia foi vista pela última vez.
Os policiais localizaram imagens dela ao volante do GM Spin estacionando ao lado de um terreno na Rua Maestro Oscar Mendes, no Jardim Pagani, um bairro afastado de Bauru.
Nas imagens analisadas pela polícia, Roberto Franceschetti Filho sai do banco do passageiro e passa para o do motorista, e logo depois Claudia entra no banco de trás. Foi exatamente no banco traseiro onde a polícia encontrou vestígios de sangue, de acordo com laudo pericial.
Além disso, foi encontrado no veículo o estojo de uma pistola calibre 380, arma que posteriormente foi apreendida na residência de Franceschetti. A pistola estava em um cofre sem munição, com três carregadores, uma cartela nova de munições e três projéteis.
Ocultação de cadáver
Claudia Regina da Rocha Lobo teve o corpo queimado em uma chácara, de acordo com investigações da Polícia Civil.
Para fazer isso, Roberto teve a ajuda do funcionário do almoxarifado da Apae, Dilomar Batista. Ele foi ouvido pela polícia no dia 23/8 e confessou que ajudou a queimar o corpo de Claudia sob ameaça de Roberto Franceschetti.
Dilomar não está preso. Segundo informou o delegado Cledson Nascimento ao Metrópoles, o Judiciário não concedeu a prisão dele porque o funcionário não participou do homicídio, somente da ocultação de cadáver. Como não há previsão legal nesse caso para fins de prisão temporária, ele é investigado em liberdade.
A Apae de Bauru informou, em nota divulgada no dia 28/8, que Dilomar Batista foi imediatamente demitido após a polícia esclarecer o crime, dois dias antes.
Fragmentos de ossos
Em um primeiro depoimento, logo após sua prisão, Roberto chegou a indicar o local onde teria jogado e queimado o corpo de Claudia, em uma área rural no bairro Pousada da Esperança.
Ao fazer buscas na região, a polícia encontrou fragmentos de ossos humanos em um buraco na terra de uma chácara onde eram descartados e queimados materiais inservíveis da Apae, como papéis e documentos velhos.
Ainda não foi confirmado de quem são esses fragmentos. Os materiais apreendidos foram enviados ao Núcleo de Biologia em São Paulo, para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo, de pertences pessoais da vítima e de amostras da filha dela, Letícia da Rocha Lobo.
A geolocalização e movimentação do celular de Roberto, ainda conforme a investigação da Deic, condizem com a localização da chácara.