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Laranja do PCC recebia Bolsa Família e movimentou R$ 3 milhões, diz PF

Relatório da Polícia Federal (PF) mostra que mulher movimentou mais de R$ 3 milhões para contas de membros do PCC ligados ao Novo Cangaço

atualizado

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Foto de mulher parda, com semblante sério, e cabelos longos, lisos e pretos, que lhe cobrem parte dos ombros - Metrópoles
1 de 1 Foto de mulher parda, com semblante sério, e cabelos longos, lisos e pretos, que lhe cobrem parte dos ombros - Metrópoles - Foto: Reprodução/PF

São Paulo — Apontada pela Polícia Federal (PF) como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), Edilaine Maria de Sousa (foto em destaque), de 32 anos, movimentou R$ 3,3 milhões, em três contas bancárias das quais é titular, mesmo recebendo benefícios do Bolsa Família, o programa de assistência do governo federal.

A informação consta em um relatório da PF, obtido pelo Metrópoles, no qual ela é apontada como um dos laranjas que ajudaram Ronildo Alves dos Santos, o Magrelo, a financiar uma tentativa de assalto frustrada que teve como alvo cerca e R$ 30 milhões guardados em um cofre da empresa de transporte de valores Brinks, em abril do ano passado no Mato Grosso.

A ação criminosa seria feita por meio da prática conhecida como Novo Cangaço, quando uma quadrilha toma o controle de uma pequena cidade para praticar um grande assalto. Magrelo e mais 17 suspeitos morreram em supostas trocas de tiro, com a polícia, nas semanas posteriores à empreitada criminosa mal sucedida.

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Viúva de líder do PCC compartilha fotos com veículos de luxo na internet
Magrelo e Karen ficaram juntos, segundo investigação, desde 2018, até morte do criminoso
Edilaine Maria de Sousa
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Karen Abreu dos Santos, 33 anos, viúva de Magrelo

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Viúva de líder do PCC compartilha fotos com veículos de luxo na internet

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Magrelo e Karen ficaram juntos, segundo investigação, desde 2018, até morte do criminoso

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Edilaine Maria de Sousa

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Ligação com Magrelo

A PF ligou Edilaine a Magrelo após identificar a transferência de R$ 307 mil, feita por ela para uma conta do líder do PCC, cerca de seis meses antes da ação criminosa contra a Brinks, em Confresa (MT). Além disso, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transações suspeitas em três contas correntes da mulher.

Entre outubro de 2022 e março de 2023, de acordo com órgão de inteligência financeira, Edilaine movimentou R$ 3,3 milhões.

“Ela movimenta valores incompatíveis com o seu perfil econômico nessas contas e os transfere rapidamente para outras, muito provavelmente, titularizadas por integrantes do PCC, como fez com Ronildo [Magrelo]”, diz trecho de relatório da PF.

“Smurfing”

Outro indício de que ela contribuiu para a lavagem de dinheiro do crime organizado, ainda segundo a investigação, foi o fato de as instituições financeiras nas quais ela mantinha as contas identificarem uma prática conhecida como “smurfing”, que consiste em fazer saques ou depósitos fracionados em diversos terminais bancários para não chamar a atenção das autoridades por conta do volume de dinheiro nas transações.

Na ocasião, de acordo com levantamento feito com a Caixa Econômica Federal, foi constatado que a criminosa recebia benefícios assistenciais como o Auxílio Brasil e Novo Bolsa Família.  Isso, pontua a PF, seria “mais um indício” de que ela não “possui perfil econômico para movimentar aproximadamente R$ 3 milhões”.

Salário de R$ 700, empresa de R$ 2 mi

Edilaine, ainda de acordo com a investigação da PF, também era responsável por recolher o dinheiro proveniente do tráfico de drogas e repassá-lo às lideranças da facção.

O Coaf levantou que ela trabalhou formalmente, entre 2009 e 2021, como operadora de telemarketing, caixa e recepcionista, com salários que oscilaram entre R$ 700 e R$ 2.300.

Outro indício do suposto envolvimento de Edilaine com o PCC é o fato de ela constar como sócia administradora de uma empresa de fabricação de peças e acessórios para motores de veículos, com capital inicial de R$ 2 milhões, localizada na zona leste da capital paulista. Ela passou a deter 100% do comércio, em novembro de 2021, ainda quando estava registrada em carteira como atendente de loja.

“O seu perfil econômico pretérito, conforme demonstrado acima, indica que Edilaine não teria a menor condição de adquirir uma empresa cujo capital social é de R$ 2 milhões”, destaca a PF.

A empresa de peças automotivas, acrescentou a polícia, foi constituída com o objetivo de lavar dinheiro “das práticas delituosas” atribuídas ao PCC.

Edilaine está atualmente presa, cumprindo pena no regime semiaberto, de acordo com registros do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A defesa dela não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Ligação com herdeira do crime

Pelo fato de ela ter depositado dinheiro na conta de Magrelo, a investigação mostra que a criminosa é sujeita, atualmente, às ordens de Karen Abreu dos Santos, viúva de Magrelo. Ela herdou o patrimônio do líder do PCC, morto em um suposto tiroteio em maio de 2023.

Como mostrado pelo Metrópoles, Karen não é só viúva de Magrelo, mas também sua “comparsa e integrante do PCC”, segundo a PF. Desde 2018, ela posta fotos nas redes sociais, ao lado do chefão do crime, com quem teve um filho.

Ela, ainda de acordo com a PF, é vista “frequentemente” em contato com membros do PCC. Além disso, Karen usa as redes sociais para compartilhar fotos ostentando carros e motos de luxo, os quais, segundo a polícia, são adquiridos com dinheiro obtido com o crime.

Os perfis de Karen não são públicos. Em um deles, único com acesso livre, ela se apresenta como esteticista, destoando dos registros compartilhados, de forma restrita, nas suas contas privadas. Isso é destacado pela PF no relatório.

“Tudo indica que Karen Abreu dos Santos assumiu a função de Ronildo [Magrelo] no PCC, além de continuar se beneficiando do proveito do crime deixado pelo seu ex-marido”, destaque trecho da investigação.

Karen foi procurada pelo Metrópoles, na tarde dessa sexta-feira (21/6). Ela não havia se posicionado, nem indicado um advogado, até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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