Polícia fecha laboratório do PCC que abastece Cracolândia, diz Derrite
Operação desta quinta (13/6) na região da Cracolândia visava desmontar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC em hospedarias da região
atualizado
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São Paulo — Durante a 3ª fase da Operação Downtown, deflagrada nesta quinta-feira (13/6) na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, a Polícia Civil desmontou um laboratório que seria usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para abastecer o tráfico de drogas na região. Dois suspeitos foram presos em flagrante no local.
O endereço foi localizado a partir de anotações encontradas em um dos imóveis em que as equipes da Polícia Civil cumpriam mandados de busca e apreensão. O laboratório ficava em São Lourenço da Serra, na região metropolitana da capital.
Ao todo, foram cumpridos 140 mandados de busca e apreensão. Vinte e oito deles, em pequenos hotéis que, segundo investigações do Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc), serviriam de depósito de drogas e abrigo para traficantes e usuários. Além disso, seriam um mecanismo adotado pelo PCC para lavar dinheiro.
“Tem nomes de empresas que a gente não pode ainda revelar. A gente vai tratar com sigilo para que não haja vazamento. Mas o objetivo agora é corroborar ainda mais a participação dessas empresas na lavagem de dinheiro. São empresas usadas pelo crime organizado, justificando saídas de recursos que não existem, para no final chegar em duas ou três empresas lá na frente”, disse o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, em entrevista coletiva.
“Hoje foi um grande ataque a esse ecossistema do crime organizado que se utiliza da região central para esse processo. Foi um trabalho de anos de investigação. Julgamos que essa é a fase mais importante da investigação. Porque estamos juntando as peças do quebra-cabeça do ecossistema financeiro do crime organizado,” completou.
Com as prisões realizadas em São Lourenço da Serra, subiu para 14 o número de presos em flagrante. “Em materiais apreendidos nesses locais em que foram cumpridos mandados de busca, algumas anotações indicavam um outro local, em São Lourenço da Serra, um laboratório de drogas. E mais dois suspeitos foram presos”, explicou Derrite.
A pasta não revelou a quantidade de drogas apreendidas. O Metrópoles acompanhou mais de 10 equipes da Polícia Civil que cumpriram mandados de busca e apreensão em hospedarias na Cracolândia. Até as 9h, nenhuma delas havia encontrado drogas e, segundo o relato dos policiais, não houve intercorrências.
Dispersão do “fluxo”
Durante a operação da Polícia Civil na Cracolândia, o “fluxo” de usuários de drogas, que, como de costume, estava concentrado na Rua dos Protestantes, se dispersou pelo centro.
Há cerca de cinco meses, o fluxo da Cracolândia se instalou de forma fixa no local, entre a Rua dos Gusmões e a Rua Vitória. Até então, os dependentes químicos eram itinerantes, e, escoltados pela Guarda Civil Metropolitana, passavam uma parte do dia na Rua Santa Ifigênia.
Por volta das 6h desta quinta, antes do início da operação, Guardas Civis Municipais (GCMs) ouvidos pelo Metrópoles estranharam a baixa quantidade de usuários concentrados no local habitual. “Hoje tem menos gente mesmo, pode ser o frio. Ainda está cedo também. Mas está diferente”, afirmou um guarda-civil em reservado à reportagem.
Mais tarde, por volta das 9h, enquanto policiais civis cumpriam os mandados na região, havia bem menos pessoas no local, ao contrário do que era esperado. Segundo um outro GCM, os dependentes químicos teriam se dispersado pelas ruas do centro.
Moradores da região também estranharam a movimentação e levantaram inclusive a suspeita de que informações vazadas possa ter chegado aos traficantes que comandam a região.
“Alguma coisa aconteceu… estão cumprindo 100 mandados e nada foi encontrado até agora?”, questionou o morador, que preferiu não se identificar.