Kassab arrasta leva de prefeitos ao PSD e enfurece aliados de Tarcísio
Em meio a dificuldades de articulação política entre o governo e a Alesp, o PSD de Kassab saltou de 48 para 329 prefeituras no estado
atualizado
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São Paulo – Deputados da base do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa (Alesp) estão revoltados com o domínio do PSD, partido presidido pelo o secretário de Governo, Gilberto Kassab, sobre as prefeituras do estado.
Entre janeiro e novembro deste ano, o PSD multiplicou em quase sete vezes a quantidade de prefeitos filiados e atualmente tem, em seu quadro, 329 dos 645 prefeitos paulistas. O número corresponde a 51% das prefeituras do estado.
Deputados ouvidos pelo Metrópoles disseram que, enquanto a base governista na Assembleia tem “agonizado” para conseguir a quantidade mínima de parlamentares para aprovar projetos simples, Kassab – notório articulador político – teria “abandonado” a Alesp para “percorrer prefeituras” de olho em um projeto político pessoal.
Nessa semana, por exemplo, não houve quórum o suficiente para votar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) enviada pelo governo. O resultado serviu de recado da base sobre a falta de diálogo e as cobranças pela aprovação a jato da privatização da Sabesp, uma das principais promessas de campanha de Tarcísio.
Os planos de Kassab e a atuação na Alesp
Kassab assumiu a Secretaria de Governo interessado em filiar a maior quantidade possível de prefeitos, muitos deles vindos do PSDB. O pessedista goza da confiança do governador e emplacou aliados em cinco secretarias, que controlam R$ 84 bilhões do orçamento.
O espaço ocupado por Kassab no governo já vinha sendo criticado por alguns parlamentares da base, sobretudo os bolsonaristas, mas a filiação massiva de prefeitos provocou uma revolta em deputados do PL, Republicanos, PSDB, União Brasil e MDB.
Internamente, os parlamentares têm reclamado de problemas no diálogo entre a Alesp e o Palácio dos Bandeirantes e apontam o dedo para Kassab, responsável pela articulação política.
Desde o início da legislatura, deputados criticam a falta de envolvimento direto de Kassab no dia a dia da Assembleia e o pouco diálogo do governo com a Casa, que tem resultado na obstrução de votações de interesse do governo na Alesp.
Paralelamente, os deputados também cobram o pagamento de R$ 10 milhões em emendas, que haviam sido sinalizadas pelo governo e ainda não foram distribuídas, e também mais espaço na máquina estatal.