Justiça quebra sigilo de empresa envolvida em polêmica no Corinthians
O caso policial desencadeou na saída de diretores da gestão comandada por Augusto Melo e na rescisão contratual feita pela VaideBet
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O escândalo policial que sacode o Corinthians ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (23/7). A Justiça de São Paulo deferiu a quebra do sigilo bancário de todas as contas em nome da empresa Neoway Soluções Integradas, registrada em nome de Edna Oliveira Santos. Também foram autorizados o sequestro e bloqueio de ativos financeiros que sejam encontrados nas contas da empresa VaideBet.
De acordo com informações do portal UOL, as mesmas medidas foram aprovadas para a empresa Edna Oliveira Santos. A Neoway recebeu transferências da Rede Social Media Design, apontada oficialmente como intermediária do contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet. Os envios de aproximadamente R$ 1 milhão foram feitos feitos depois de a Rede Social receber do Corinthians R$ 1,4 milhão como parte dos cerca de R$ 25,2 milhões que ela receberia como comissão.
O delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), que investiga suposta prática de lavagem de dinheiro, além de outros possíveis crimes, pediu a quebra de sigilo bancário e o sequestro dos ativos.
A polícia avalia se a Neoway é uma empresa de fachada que foi aberta em nome de Edna Oliveira dos Santos, uma mulher que vive em uma casa humilde no litoral paulista, beneficiária do Bolsa Família e que diz não ter nem comida na geladeira. A empresa Edna Oliveira Santos foi descoberta pelos policiais durante o inquérito. Ela alega que desconhecia as existências das duas empresas abertas em seu nome.
O caso policial desencadeou na saída de diretores da gestão comandada por Augusto Melo e culminou com a rescisão contratual feita pela VaideBet.
O caso VaideBet x Corinthians
VaideBet e Corinthians romperam o contrato na última sexta-feira (7/6), cinco meses depois de celebrarem o que chamaram de maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro.
A crise entre clube e patrocinador foi instaurada no dia 27 de maio, quando a empresa notificou o clube extrajudicialmente pedindo esclarecimento em torno de notícias que envolviam um possível repasse de parte comissão do intermediário para um “laranja”.
O contrato firmado previa R$ 370 milhões ao clube e era válido até o fim de 2026.
O Corinthians pagou a comissão para a empresa Rede Social, de Alex Cassundé, apoiador do presidente Augusto Melo nas eleições. A Redes Social pagou pouco mais de R$ 1 milhão em duas transferências para a Neoway Soluções, empresa de fachada, que está no nome de Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma.
Até o encerramento do acordo, duas parcelas de R$ 700 mil foram repassadas pelo clube para o intermediário que está registrado no contrato de patrocínio.
A notícia não agradou à VaideBet, que entendeu ter a imagem prejudicada com as inúmeras especulações em torno do contrato com o Corinthians, que nega qualquer envolvimento em esquema de corrupção.
Em nota, o Corinthians afirmou na ocasião que “todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas” e que o clube “não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”. “Caso sejam apresentadas quaisquer provas de ilícitos, estes serão discutidos junto ao Conselho Deliberativo para providências que se fizerem necessárias”, disse.
Quando o caso veio à tona, a Vai de Bet afirmou que “foi contatada por um agente intermediário sobre a possibilidade de se firmar um acordo para patrocínio master do Corinthians e foi conduzida pelo referido interveniente até a diretoria do clube para o início das negociações”.
“Nunca houve contato com qualquer outra empresa a respeito da negociação para o acordo de patrocínio”, afirmou a casa de apostas. A empresa disse ainda que pediu informações ao Corinthians sobre o caso e que “observa com atenção os desdobramentos do atual cenário e avalia os próximos passos”.
A empresa ativou uma cláusula anticorrupção e rescindiu o contrato.