Justiça manda suspender remoção de árvores em bosque de Perdizes
Árvores foram derrubadas para construção de condomínio de alto padrão na rua Sebastião Cortes. Moradores protestam contra empreendimento
atualizado
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![Bosque fotografado de cima, com algumas árvores derrubadas - Metrópoles](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2025/01/29171838/bosque-perdizes-1.jpg)
São Paulo — A Justiça paulista determinou a suspensão da remoção de árvores de um bosque na rua Sebastião Cortes, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo. O local recebe uma obra de um condomínio residencial de alto padrão.
As árvores começaram a ser derrubadas em 16 de janeiro passado. Moradores protestaram contra o empreendimento, alegando que o bosque segue intacto desde a década de 1950 e abriga árvores centenárias de grande valor histórico e ambiental, além de ser lar de diversas espécies de pássaros.
O projeto do condomínio prevê a construção de duas torres de nove andares, com três subsolos em cada prédio.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) enviou à Justiça pedido de tutela antecipada para suspender as obras no local. A promotoria argumenta que a medida evita “lesão ao patrimônio ambiental, diante do risco iminente de destruição, em claro prejuízo ao meio ambiente”.
“Com a concentração do fluxo de águas nessa região e nas áreas adjacentes correndo em direção ao Córrego Sumaré, somada à intensa impermeabilização do solo em todo o entorno, que diminui a infiltração das águas pluviais, aumentando, assim, o volume e velocidade do escoamento hídrico superficial, ocorre a intensificação dos episódios de alagamento”, diz o MPSP.
“Ademais, com as mudanças climáticas em curso e consequente intensificação de fenômenos extremos e intensos, incluindo-se chuvas rápidas e fortes, chuvas intensas de longa duração, a ocorrência dos alagamentos, muito provavelmente, tornar-se-á mais frequente”, argumenta a promotoria.
Obra
Um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) firmado com a Prefeitura de São Paulo autoriza a Namour, empresa responsável pela obra, a cortar 55 árvores, mas estabelece o plantio de 90 mudas de espécies nativas dentro do condomínio e doação de outras 349 árvores, sem local determinado.
Procurada, a Namour disse que, embora ainda não formalmente citada para o processo, “tomou todas as providências para o atendimento da tutela de urgência concedida judicialmente”. “No momento processualmente oportuno, será apresentada em Juízo a defesa cabível, juntamente com todas as aprovações e licenças ambientais.”
A construtora afirma que o projeto do empreendimento “contempla compensação ambiental integral e reparadora, seja pelas 90 mudas de árvores previstas para o plantio interno (superior ao corte e remoção), seja pela conversão de 349 mudas de espécie nativa em depósito pecuniário junto ao FEMA, em total cumprimento ao compromisso firmado junto às autoridades competentes”.