Justiça de SP nega habeas corpus e mantém tesoureiro do PCC na cadeia
Defesa de acusado de atuar como tesoureiro do PCC alegou que a prisão dele era ilegal e entrou com ação, já negada, neste sábado (30/12)
atualizado
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São Paulo – A defesa de Renato da Costa Menezes, de 47 anos, o Gordinho da Unidos, entrou com habeas corpus, neste sábado (30/12), para tentar soltar o suspeito de atuar como tesoureiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). O pedido liminar, no entanto, foi rejeitado horas depois pelo desembargador Marcelo Semer, do Plantão Judiciário Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Gordinho da Unidos foi preso em flagrante na própria casa, em Santos, no litoral paulista, na quarta-feira (27/12). Policiais civis foram ao local para cumprir mandado de busca e apreensão, mas encontraram armamentos ilegais e utensílios usados no tráfico de drogas com o suposto tesoureiro do PCC.
Na ocasião, o suspeito acompanhou toda a movimentação policial, por meio de câmeras de segurança instaladas no imóvel, até o momento em que foi preso. Para detê-lo, os agentes montaram um cerco em volta da casa e tiveram que pular o muro.
No habeas corpus, o advogado Eduardo Jorge de Freitas questiona a legalidade do cumprimento do mandado de busca e apreensão. Ele alega que os agentes apareceram na casa do suspeito às 5h, fora do horário permitido.
Prisão mantida
Para pedir a liberdade provisória de Gordinho da Unidos, o advogado também argumentou, no documento, que ele não apresenta antecedentes criminais, tem endereço fixo e pode comprovar emprego lícito.
No despacho, obtido pelo Metrópoles, o desembargador Marcelo Semer discordou da defesa e afirmou não ver o “constrangimento ilegal” alegado.
“Verifica-se que houve apreensão na sua residência, de espingarda calibre 12, pistola 9 mm, com carregador prolongada, munições, rádios comunicadores (um deles ligado, narrando a própria ação policial), caderno, blocos e pasta com anotações, toucas ninja e balança de precisão”, escreveu o desembargador.
“Em tal cenário, não se revela desproporcional, à primeira vista, a prisão preventiva do paciente, em especial para preservar a efetiva averiguação do fato criminoso em todas as suas dimensões, sem prejuízo de que, com a elucidação da situação, a questão seja reapreciada.”
Vigilância
A investigação que levou à prisão do suposto tesoureiro do PCC foi feita pela 2ª Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes, da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Santos.
Segundo a investigação, o suspeito teria assumido a responsabilidade de recolher o dinheiro movimentado nas biqueiras, como são chamados os pontos de venda de drogas dos morros de Santos.
Os policiais dizem, ainda, que Gordinho da Unidos era “comumente visto ostentando arma de fogo com carregador prolongado, além armas longas”. Na casa dele, a polícia encontrou diversos armamentos e munições.
Antes de os policiais chegarem até a casa do tesoureiro, ele já havia percebido a movimentação dos agentes, devido ao sistema de monitoramento com câmeras que mantinha em sua residência. Ele foi avistado em uma janela acompanhando a chegada dos policiais.
Durante o cumprimento do mandado, policiais ouviram as conversas de membros do PCC, transmitidas em um radiocomunicador ligado na resistência da casa do tesoureiro. Os criminosos falavam justamente sobre a movimentação da polícia no morro naquele momento.
À polícia, Gordinho da Unidos alegou que havia encontrado os itens “enterrados” em um terreno onde ele “está construindo uma casa” em Itanhaém, também no litoral.