Justiça de SP determina reintegração de posse de prédio em Perdizes
Famílias que estão morando no local, na zona oeste da cidade, enfrentam segunda ordem de reintegração de posse em menos de um mês
atualizado
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São Paulo —A Justiça de São Paulo determinou, na segunda-feira (29/4), a reintegração de posse de um prédio localizado na rua Apiacás, em Perdizes, zona oeste de São Paulo. O imóvel, recentemente ocupado por uma comunidade de 104 pessoas, aguarda o cumprimento da decisão judicial.
A determinação de reintegração imediata do imóvel foi feita pelo juiz Ralpho Waldo De Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, com a justificativa de que a ocupação tem atraído cada vez mais pessoas. A construção de um muro, segundo a decisão, representaria uma “ameaça aos vizinhos”.
As famílias ocuparam o prédio em 19 de abril, três dias depois de passarem por um processo de reintegração na Avenida Santa Inês, no Parque Mandaqui, zona norte de São Paulo.
Segundo Geni Monteiro, coordenadora da Frente de Luta por Moradia (FLM), o local estava vazio e precisou ser limpo e reorganizado para receber novos moradores, que ficaram sem lugar para ir depois da primeira desapropriação.
“A gente tá aqui, tentando negociar. A gente não tem para onde ir, estamos dentro de um processo que vamos ficar na rua, porque ninguém se manifestou”, disse Geni.
De acordo com ela, muitas famílias com crianças e idosos decidiram não ir para a ocupação de Perdizes para evitar passar pelo trauma de uma nova reintegração. Segundo Geni, o grupo não foi assistido pelo Conselho Tutelar depois da desapropriação da Avenida Santa Inês.
O prédio da Rua Apiacás é um dos empreendimentos da Construtora Atlântica, empresa que estaria envolvida em um esquema de golpe imobiliário em bairros nobres da capital. Um documento ao qual o Metrópoles teve acesso mostra que, em 2017, quando a construtora declarou falência, a empresa acumulava débito de R$ 800 milhões com seus credores.
Geni confirmou a construção do muro e disse que foi uma medida de segurança. “Quando a gente chegou aqui era só madeira. A gente juntou os materiais que tinham aqui para fazer um muro. Estamos nos organizando aos poucos, organizando um pouco de conforto para essas famílias, porque o que elas precisam mesmo é de uma moradia, mesmo que simples.”