Justiça condena mulher a 85 anos de prisão por matar a família no ABC
Justiça condenou a mais de 85 anos de prisão a mulher acusada de roubar, matar e queimar a família na região do ABC (SP) em janeiro de 2020
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — A Justiça paulista condenou na noite dessa terça-feira (27/8) a 85 anos, 5 meses e 23 dias de prisão a mulher acusada de roubar, matar e queimar a família na região do ABC, em São Paulo, em janeiro de 2020. Anaflávia Martins Gonçalves matou os pais e o irmão mais novo, de 15 anos.
O Conselho de Sentença do Fórum de Santo André a considerou culpada pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por três vezes), roubo majorado, destruição de cadáver (por três vezes) e associação criminosa.
Este foi o segundo julgamento da acusada. Em 2023, ela e outras quatro pessoas foram condenadas pelo Tribunal do Júri de Santo André. Porém, o julgamento da ré foi anulado pela 2ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Naquela ocasião, Anaflávia havia recebido pena de 61 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão, em regime inicial fechado, somente pelos homicídios dos pais, e não do irmão.
A sentença dessa terça (27) com o tempo da pena foi dada pelo juiz Lucas Tambor Bueno. Ela pode recorrer da decisão, mas não em liberdade.
Na dosimetria da pena, o juiz destacou as circunstâncias agravantes do homicídio qualificado e afirmou que houve nítida premeditação para os crimes.
Ele também reforçou que “a acusada tinha acesso à residência dos ofendidos, seus genitores, inclusive por meio de dispositivo para ingressar no condomínio em que residiam”.
Além de Anaflávia, a então namorada da ré, Carina Ramos de Abreu, também participou do crime e cumpre pena de 74 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão, em regime fechado.
Também foram presos os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, que são primos de Carina. O quinto preso é Guilherme Ramos da Silva, vizinho dos irmãos Ramos.
Relembre o crime
Em 27 de janeiro de 2020, o casal de empresários Romuyuki Veras Gonçalves, de 43 anos, e Flaviana de Meneses Gonçalves, de 40, e o filho deles, Juan Victor Gonçalves, de 15, foram mortos com golpes na cabeça durante um assalto na casa em que moravam, em um condomínio fechado em Santo André.
O quinteto entrou na residência da família, com a ajuda de Anaflávia, para roubar R$ 85 mil que estariam num cofre. Mas o dinheiro não foi encontrado e eles levaram pertences das vítimas e decidiram matá-los.
No dia seguinte, os corpos das vítimas foram encontrados carbonizados dentro do carro da família, numa área de mata em São Bernardo do Campo, município vizinho a Santo André.
“As rés Anaflávia e Carina agiram por cobiça, pretendendo alcançar o patrimônio das vítimas. Quanto aos acusados Jonathan, Juliano e Guilherme, a prova oral indica que agiram mediante promessa de recompensa”, escreveu o juiz na decisão de 2022, que levou os acusados a júri.
Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa de Anaflávia afirmou que respeita a decisão do júri, mas que considera a condenação “injusta” e que trabalhará “em um possível recurso a partir de hoje”, referindo-se a esta quarta-feira (28/8).
“A defesa fez todo o possível para levar a verdade para o público, porém por se tratar de um crime notório, no qual a frieza dos demais componentes causou comoção no público, acabaram por utilizar disso para colocar a Anaflávia como semelhante”, diz o comunicado.