Trio que executou família em canavial no interior é condenado a prisão
Família foi encontrada morta com marcas de tiros em um canavial de Votuporanga, no dia 1º de janeiro. Justiça condenou os suspeitos
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou nesta terça-feira (10/12), três homens acusados de executar uma família em um canavial, em Votuporanga, no interior de São Paulo, no fim de dezembro do ano passado.
A decisão tomada pela juíza Gislaine de Brito Faleiros Vendramini, da 1ª Vara Criminal, condenou os réus João Pedro Teruel e Rogério Schiavo a 87 anos e seis meses de prisão em regime fechado, e Danilo Roberto Barboza da Silva a 93 anos e quatro meses, no mesmo regime.
O veredito ainda cabe recurso.
Execução de família
Os três foram indiciados por triplo homicídio qualificado (por motivo torpe, à emboscada e para garantir impunidade) por ter executado Anderson Marinho, de 35 anos, a esposa Mirele Tofalete, de 33, e a filha do casal, Isabelly, de 15.
A família tinha desaparecido no dia 28 de dezembro, após sair de casa, em Olímpia, para comemorar o aniversário de Mirele em um almoço em São José do Rio Preto. Os corpos da família foram encontrados, com marcas de tiros, em um canavial de Votuporanga, no dia 1º de janeiro, já em estado de decomposição.
À época, o delegado da investigação, Tiago Madlum Araújo, afirmou que Anderson foi à estrada rural onde foi morto de maneira espontânea, para fazer uma entrega de maconha.
Segundo ele, a hipótese mais provável é que os três condenados já foram ao encontro com a intenção de matá-lo. O crime pode ter sido encomendado devido à fama de “X9” (gíria para delatores de criminosos) da vítima.
Outra possibilidade, mais remota, é de que os criminosos mataram Anderson apenas para ficar com a droga. Não se sabe se houve alguma discussão antes dos primeiros tiros. Anderson foi encontrado morto do lado de fora do carro da família.
Queima de arquivo
A investigação acreditou, à época, que Mirele e Isabelly foram mortas dentro do carro, provavelmente por queima de arquivo, já que viram os rostos dos assassinos. “Talvez eles só tenham percebido a presença delas depois de matar Anderson”, disse o delegado.
No celular de Isabelly havia uma ligação para o 190, não completada, às 14h17 do dia 28. “Esse detalhe permitiu estabelecer o horário das mortes”, afirmou Madlum.
Ligação com o “rei do tráfico”
A suspeita de que a execução da família estava relacionada com uma possível negociação de drogas era investigada pela polícia desde o início. Como revelado pelo Metrópoles, Anderson já havia sido preso por tráfico de drogas, em 2015, com Ricardo Luis Pedro, conhecido como o “rei do tráfico”, no bairro São José, na cidade de Olímpia.
Segundo o registro criminal do pai da família, ele foi condenado por tráfico a dois anos e um mês de pena, já iniciada no regime semiaberto.
Antes disso, ele já havia ficado preso provisoriamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São José do Rio Preto. Na época, Anderson recebeu o benefício de cumprir o restante da pena em prisão domiciliar.