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Júri dá 19 anos de prisão a acusado de matar ambientalista na Billings

Mauricius da Silva é um dos quatro acusados de envolvimento na morte do ambientalista Ferrugem em agosto de 2022 na represa Billings, em SP

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1 de 1 Imagem colorida de um homem no manete de um barco - Foto: Reprodução

São Paulo — Um júri popular condenou Mauricius da Silva a 19 anos e 2 meses de prisão pela morte do ambientalista Adolfo Souza Duarte, conhecido como Ferrugem. Em audiências nessa segunda (18/11) e terça-feira (19/11), o 3º Tribunal do Júri da Capital considerou Mauricius, de 26 anos, culpado pelo crime de homicídio qualificado e de ocultação de cadáver.

Adolfo Souza Duarte foi encontrado morto aos 41 anos em 6 de agosto de 2022 na represa Billings, na zona sul de São Paulo, após ficar desaparecido por cinco dias.

Além de Mauricius, outras três pessoas são acusadas de envolvimento no crime. Na noite de 1º de agosto daquele ano, Vithório Santos, Mikaelly Moreno e Katielle Santos contrataram Adolfo para um passeio de barco na represa. À polícia, eles alegaram que Vithório em determinado momento teria esbarrado sem querer na direção, o que fez com que Adolfo e Mikaelly caíssem na água. Segundo os depoimentos, os passageiros teriam tido sucesso em resgatar apenas Mikaelly, enquanto teriam perdido de vista o ambientalista.

Porém, após o corpo ser encontrado, o laudo necroscópico indicou que Ferrugem não morreu por afogamento, mas sim por asfixia mecânica, o que fez com que a investigação passasse a ser por homicídio qualificado. Além disso, a perícia criminal desmentiu a versão dos suspeitos de que houve um “solavanco” do barco, alegando ainda que um toque na direção do veículo não ocasionaria um acidente como esse.

Então, em outubro de 2022, a Justiça decretou a prisão preventiva dos quatro suspeitos, após denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Em junho de 2023, após as defesas pedirem a revogação da prisão de todos eles, a juíza Isabel Begalli Rodriguez, da 3ª Vara do Júri, decidiu soltar apenas Mikaelly e Katielle. “As acusadas colaboraram com as investigações policiais e se apresentaram espontaneamente à delegacia policial em todas as ocasiões em que foram chamadas”, escreveu na decisão. O MPSP está recorrendo.

Sobre Mauricius e Vithório, a magistrada decidiu mantê-los presos principalmente porque eles mudaram a versão do que tinha acontecido mais de uma vez. “A prova produzida até o momento reforça a necessidade da segregação cautelar dos acusados, uma vez que indica que houve ajuste de versões dos fatos para impedir a apuração do ocorrido e até mesmo notícia de ameaças, especialmente por parte do corréu Vithorio, para que os demais corréus apresentassem versão mais favorável dos fatos”, escreveu. Vithório Santos deve ser julgado em 2025.

O júri que condenou Mauricius nessa terça, formado por sete pessoas, reconheceu ainda três qualificadoras do crime de homicídio: motivo fútil, emprego de asfixia e recurso que impediu a defesa da vítima.

A juíza Isabel Begalli Rodriguez, que presidiu o Tribunal do Júri, destacou na sentença que o réu apresenta condenação anterior, o que foi utilizado para reconhecimento de reincidência na dosimetria da pena. “Anoto que o caso envolve hipótese de concurso material de crimes, a determinar a soma das penas imputadas aos delitos”, concluiu a magistrada.

Em 2020, Mauricius da Silva foi condenado a 3 anos e 15 dias dias de prisão, em regime inicial aberto, pelo crime de lesão corporal praticada com violência doméstica contra a companheira.

O que diz a defesa

Ao Metrópoles, o advogado Alex Pellisson Massola, que defende Mauricius, afirmou que vai recorrer da decisão. “Vou avaliar algumas situações de ordem processual que surgiram ao longo do julgamento, que permitem a interposição de um recurso”, disse.

A defesa alega que Mauricius não teve participação no crime, que teria sido isoladamente praticado por seu então amigo de infância Vithório. “Ao longo desses dois dias de julgamento, muitas provas foram produzidas em plenário. A negativa de autoria do Mauricius, que estava na embarcação onde a vítima foi morta, ficou evidenciada por meio de importantes testemunhos. E aliado às provas periciais, conseguimos entregar aos jurados importantes informações nesse sentido”, diz a nota enviada à reportagem.

Segundo Massola, um fato que contribuiu para a tomada de decisão dos jurados pela condenação de Mauricius foi o número de versões apresentadas por ele ao longo das investigações. “Muitas delas no intuito de acobertar o crime praticado isoladamente pelo então amigo Vithório”, afirmou.

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