Jovem pula de carro de app em movimento após ser vítima de assédio
Este é o 2º caso de assédio envolvendo carro de aplicativo em um mês em São Paulo. MPSP instaurou inquérito para apurar conduta de apps
atualizado
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São Paulo — Uma jovem de 28 anos pulou de um carro de app em movimento após ter sido importunada pelo motorista durante uma corrida em São Paulo.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), a vítima conseguiu fugir e, ferida, pediu ajuda em um condomínio. As diligências estão em andamento para localizar o autor e esclarecer os fatos.
A pasta afirmou ao Metrópoles que mais detalhes serão preservados por se tratar de crime sexual.
Este é o segundo caso em que um motorista de app comete assédio ou violência sexual em um mês em São Paulo.
Um motorista de aplicativo de 27 anos foi preso em flagrante no dia 16 de setembro sob a suspeita de ter estuprado uma adolescente de 17 anos dentro do carro, no distrito de Pedreira, na zona sul da capital paulista.
A garota fez o pagamento da corrida para obter os dados de Lucas da Silva Jansen, com o objetivo de posteriormente fazer uma denúncia. Com isso, ele foi localizado e detido pela Polícia Civil.
Ela foi deixada pelo motorista no trabalho, onde foi orientada a ir ao Hospital da Mulher. A polícia pediu exames no Instituto Médico Legal (IML).
MPSP abre inquérito para apurar conduta de apps
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) instaurou inquérito civil para investigar a ausência de mecanismos e de fiscalização hábeis para coibir assédio sexual, estupro e outros delitos cometidos por motoristas durante corridas.
O inquérito foi aberto após uma notícia-crime ser encaminhada ao órgão pela Bancada Feminista do PSol sobre o caso da adolescente de 17 anos vítima de estupro.
A Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital chamou de frequentes os episódios de assédio sexual, estupros e outras condutas delitivas praticadas por motoristas das plataformas de serviços de transporte, “notadamente, mas não somente, Uber do Brasil Ltda e 99 Tecnologia Ltda”.
Para o 2º Promotor de Justiça do Consumidor, Marcelo Orlando Mendes, os episódios não se tratam de acontecimentos isolados, mas de práticas reiteradas e perpetradas por motoristas.
O MPSP informou ao Metrópoles que o inquérito está em andamento.
O que dizem as plataformas
Em nota, a 99 afirma que lamenta profundamente o ocorrido e informa que, após o contato inicial pelo app, a corrida foi cancelada e aconteceu por fora da plataforma. A empresa orienta os usuários a não combinarem viagens fora do aplicativo para contar com as mais de 50 ferramentas de segurança oferecidas.
A 99 ressalta ainda que, assim que tomou conhecimento do caso, imediatamente bloqueou o motorista, está oferecendo acolhimento para a vítima e segue à disposição para colaborar com as investigações das autoridades.
A Uber, em resposta ao Metrópoles, afirmou que a segurança é uma prioridade da plataforma, e que inúmeras ferramentas atuam antes, durante e depois das viagens para torná-las mais tranquilas.
No entanto, a empresa “entende que a violência de gênero é um problema social complexo e sistêmico que demanda ação conjunta de toda a sociedade. Por isso, a empresa possui, desde 2018, um compromisso público de enfrentamento à violência contra a mulher, que se materializa em uma série de parcerias com especialistas e autoridades no assunto para colaborar na construção de projetos e iniciativas para enfrentar essa realidade no aplicativo e na sociedade como um todo”.
A Uber destacou ter diversas parcerias de enfrentamento à violência de gênero e apoio às mulheres vítimas de violência doméstica com o Ministério das Mulheres do Governo Federal, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Instituto Maria da Penha, Ministério Público da Bahia (MPBA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), entre outras.