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Jovem que promovia estupros ao vivo no Discord é condenado a 24 anos

Apontado como líder de grupo virtual onde jovens promoviam estupros e automutilação, assistidos ao vivo, é condenado pela Justiça

atualizado

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Foto colorida de jovem de cabelos compridos, que lhe cobrem as orelhas, usando roupa de presidiário verde clara - Metrópoles
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São Paulo — Apontado pela polícia como um dos cabeças de um esquema de tortura e estupros on-line, feito por meio de salas de bate papo do aplicativo de mensagens Discord, Pedro Ricardo Conceição da Rocha (foto em destaque) foi condenado a 24 anos de prisão.

Conhecido no mundo virtual como “King” (rei em inglês), o jovem de 19 anos está atrás das grades desde julho do ano passado, quando foi preso durante uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A condenação dele foi divulgada na última quinta-feira (4/7) pelo Tribunal de Justiça fluminense (TJRJ).

A Justiça acatou denúncia da Promotoria, na qual King é apontado como membro de uma associação criminosa que promovia virtualmente crimes contra crianças e adolescentes.

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Usuários do Discord mantinham jovens mulheres reféns de extorsão
Prisão de pedófilo que escravizava vítimas pela internet
Local onde um jovem de 17 anos usava para atrair e depois chantagear adolescentes
Carlos Nascimento, conhecido como DPE, foi preso após se apresentar. Ele é acusado de estuprar adolescentes
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Discord é a principal plataforma que os criminosos usam para atrair as jovens

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Usuários do Discord mantinham jovens mulheres reféns de extorsão

Hugo Barreto/Metrópoles
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Prisão de pedófilo que escravizava vítimas pela internet

Reprodução
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Local onde um jovem de 17 anos usava para atrair e depois chantagear adolescentes

Divulgação/PCSP
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Carlos Nascimento, conhecido como DPE, foi preso após se apresentar. Ele é acusado de estuprar adolescentes

Reprodução/TV Globo

As vítimas eram constrangidas e, com a ameaça de vazamento de fotos e vídeos íntimos hackeados, os criminosos as convenciam a praticar atos de automutilação, degradação física, exposição íntima, zoofilia (sexo com animais) e atos libidinosos. Isso, destacou o Ministério Público na denúncia, colocava em risco a saúde, além das integridades física e psicológica das crianças e dos adolescentes subjugados.

A defesa de King não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

“Escravas virtuais”

Como mostrado pelo Metrópoles, King e outros jovens usavam o Discord para abrir salas virtuais, nas quais promoviam crimes sexuais e convenciam as vítimas a realizarem automutilação.

O aplicativo de mensagem originalmente foi desenvolvido e usado por gamers, para que se comuniquem durante partidas na internet em tempo real.

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Com os rostos cobertos ou as câmeras desligadas, e usando apenas apelidos para se identificarem, os agressores se sentiam protegidos pelo anonimato. As vítimas eram aliciadas no mundo real e na internet, e depois se tornavam “escravas virtuais”, mediante uma rotina de chantagens e ameaças.

As humilhações diante das plateias nas salas fechadas do Discord representavam o ápice da crueldade e do sadismo dos agressores. Como nada fica registrado na plataforma, eles mesmos gravavam as sessões de tortura para exibir em redes sociais ou continuar chantageando as vítimas.

Vídeo

 

Descoberta das salas de terror

Uma denúncia feita à Polícia Federal do Rio Grande do Sul, no início de abril, indicou que jovens estariam usando salas do Discord para assistir, em tempo real, abusos físicos, sexuais e psicológicos. O alerta foi dado pelos pais de uma das vítimas.

O levantamento da PF indicou que os algozes da adolescente gaúcha estavam em outros estados, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, onde foi solicitado o apoio da Delegacia de Combate à Pedofilia, que é atrelada ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Como as vítimas eram aliciadas

O chefe de investigações da 4º Delegacia de Combate à Pedofilia, Alexandre Scaramella, afirmou ao Metrópoles que os jovens investigados escolhiam suas vítimas e as abordavam de três formas diferentes.

Uma delas era dentro do próprio aplicativo Discord, a segunda em outras redes sociais, e a terceira com pessoas do convívio social dos suspeitos.

Em todas as situações, os abusadores conseguiam informações como endereço da casa, nome dos pais e detalhes da intimidade das vítimas, para convencê-las de que poderiam ser retaliadas caso não fizessem o que eles queriam nas sessões de tortura ao vivo.

“Alguns faziam vídeos das vítimas, seguindo as meninas, filmando a rotina delas, para municiar os demais integrantes dos grupos e fazer chantagem emocional, alegando saber onde elas estavam e o que estavam fazendo, por exemplo”, explica Scaramella.

Outra prática era conquistar as garotas na internet e estabelecer um namoro à distância, até conseguirem fotos delas nuas. Em seguida, o material era usado para chantageá-las. “Caso as vítimas não fizessem o que os torturadores exigiam, eles ameaçavam divulgar as fotos, ou vídeos, para os pais das vítimas, ou ainda na escola onde elas estudam”, acrescenta o policial.

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Para evitar que suas imagens íntimas fossem divulgadas, as adolescentes se sujeitavam a situações extremas de crueldade e sadismo, registradas pelos agressores nas salas do Discord.

Orientação aos pais

A Delegacia de Combate à Pedofilia orienta para que os pais procurem a polícia quando perceberem mudanças de comportamento nos filhos. O uso de roupas compridas, mesmo em dias quentes, pode ser um sinal de que os jovens estão se autoflagelando, por exemplo, e tentando esconder os machucados.

É recomendado também que os responsáveis monitorem onde e com quem os filhos se relacionam nas redes sociais. “Os pais precisam agir com carinho, nunca retaliando os filhos e acionar a polícia imediatamente”, recomenda o investigador.

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