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Jovem de 24 anos aguarda pelo terceiro transplante de coração em SP

Vitória Chaves da Silva foi diagnosticada com problema cardíaco antes mesmo de nascer; ela está na fila de transplantes pela terceira vez

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Em foto colorida jovem de camisola hospitalar azul está sobre cama, coberta com lençol brancoe braço direito esticado, no qual está plugado um cateter de soro - Metrópoles
1 de 1 Em foto colorida jovem de camisola hospitalar azul está sobre cama, coberta com lençol brancoe braço direito esticado, no qual está plugado um cateter de soro - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal

São Paulo – Quando a dona de casa Cláudia Aparecida da Rocha Chaves estava grávida de 7 meses, foi fazer o ultrassom da filha e ouviu da médica que a atendeu, sem rodeios, o que ela interpretou como a sentença de morte da criança. O ainda feto foi diagnosticado com anomalia de Ebstein, que é um defeito cardíaco raro e incurável, caracterizado pela má formação das válvulas do coração.

“A médica falou que, depois do nascimento, ela não passaria de 15 dias viva. Mas Deus é maior, passaram-se os 15 dias, ela ficou em uma incubadora e sobreviveu”, afirmou Cláudia, atualmente com 40 anos.

De forma simbólica, a dona de casa decidiu batizar a filha com o nome de Vitória. Ela nasceu em 31 de agosto de 1998 em Luziânia (GO), cidade do Entorno de Brasília.

Atualmente, Vitória está internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo, na fila de espera para seu terceiro transplante cardíaco. A mãe dela afirmou que a equipe de transplantes disse que o caso da jovem, que completa 25 anos nessa quinta-feira (31/8),  é o primeiro do Brasil em que um paciente aguarda o terceiro procedimento de substituição de coração.

Vitória é a paciente de número 60 na espera. Por causa da gravidade do problema da filha, que sobrevive atualmente graças ao uso de medicação para o coração funcionar adequadamente, Cláudia acredita que a jovem deveria estar entre os primeiros da fila.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde  de São Paulo, 180 pessoas aguardavam um transplante de coração até o mês passado. Nos sete primeiros meses do ano, foram feitos 75 procedimentos, ultrapassando o número de transplantes cardíacos no mesmo período dos últimos cinco anos.

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Foto de Vitória pouco antes de seu primeiro transplante, aos seis anos
Foto tirada em 2016, após o segundo transplante de coração de Vitória
Mãe e filha no Instituto do Coração de São Paulo
Vitória aguarda pelo terceiro transplante de coração
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Foro tirada logo após o primeiro transplante de Vitória, quando ela tinha 6 anos

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Foto de Vitória pouco antes de seu primeiro transplante, aos seis anos

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Foto tirada em 2016, após o segundo transplante de coração de Vitória

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Vitória aguarda pelo terceiro transplante de coração

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Primeiro transplante

Contrariando os prognósticos médicos, e fazendo jus ao nome, Vitória Chaves da Silva cresceu e, aos dois anos, precisou fazer uma cirurgia de reparação de uma válvula cardíaca. O procedimento foi feito em Goiânia (GO), mas não surtiu efeito. Por isso, ela precisou ir para São Paulo em 2004, quando tinha 6 anos.

Na Incor, na capital paulista, a equipe médica constatou que a menina precisaria de um transplante. Ela ficou quatro meses na fila e, em 5 de março de 2005, foi submetida à primeira substituição do coração.

Mais de 10 anos tranquila

Após o primeiro transplante, Vitória voltou com a mãe para Luziânia, onde levou uma vida normal por 11 anos. Nesse período, a jovem fazia uma maratona de retornos mensais entre um hospital de Goiânia e o Incor de São Paulo, uma rotina de manutenção comum a pacientes que se submeteram a transplantes.

No entanto, após 11 anos, a jovem começou a passar mal, a sentir muito cansaço e a ter desmaios.

“Aí ela foi internada novamente, em 2016, também com problema no rim. A Vitória começou a fazer hemodiálise e nos informaram que o coração dela estava morrendo. Ela precisava de um novo transplante”, disse Cláudia.

Segundo a dona de casa, um coração transplantado dura entre 10 e 20 anos no corpo que o recebe. Não foi o caso de Vitória.

Uma reunião foi feita entre equipe médica e familiares, que avaliaram os riscos. Foi decidido que a jovem seria submetida a um segundo transplante. “Mesmo com riscos maiores, decidimos pela cirurgia, porque havia a possibilidade de que ela vivesse mais tempo.”

Nova cirurgia

Vitória aguardou por três meses, até que surgiu um doador compatível para seu segundo transplante. O procedimento, mais delicado, foi realizado em 2016.  A jovem chegou a ter que ser encaminhada à UTI cirúrgica. Apesar disso, ela se recuperou “rapidamente”, de acordo com a mãe.

A segunda cirurgia, porém, deixou como sequela um corte no diafragma de Vitória, que passou a ter dificuldade para respirar desde então. “Se ela caminha 50 metros, fica muito cansada”, explicou Cláudia.

Após o segundo transplante, o organismo de Vitória teve dez episódios de rejeição, que fizeram com que ela fosse levada para o hospital em todas as ocasiões.

Já em São Paulo, ela passou mal novamente e ficou inconsciente por cerca de cinco horas. Exames constataram que o coração dela estava com duas veias coronárias fechadas completamente.

Ela precisaria de um terceiro transplante.

Três meses internada

Vitória está internada no Incor desde 26 de maio deste ano, aguardando pelo terceiro transplante cardíaco. Um dos sonhos dela é cursar medicina para, segundo ela, ajudar as pessoas, da mesma forma que vem sendo amparada. Ela chegou a prestar Enem para o curso em 2019, mas não conseguiu a pontuação necessária.

Por causa de seu quadro de saúde, Vitória também não poderá gerar filhos. Mas isso não a impede de cuidar da irmã mais nova, a pequena Maria Júlia, a Maju, de 2 anos, como se fosse sua filha. A caçula, inclusive, é um dos “remédios” usados pela jovem para seguir com planos e sonhando com o futuro.

“A Vitória que fez o enxoval, escolheu o nome, viu o parto e dá opinião sobre tudo da irmã. A Maju chama a Vitória de mãe também. Ela se apegou à menina para ter mais uma chance de viver. Ela quer ver a Maria Júlia grande, quer ajudar a criar.”

No momento, Vitória permanece sob o efeito de medicações. Em um gesto de esforço e gentileza, ela enviou um áudio ao Metrópoles em que diz ter fé de que vai conseguir o terceiro coração. Ela espera poder voltar em breve ao convívio familiar e a fazer coisas simples, como tomar banho sozinha e comer refeições caseiras.

“Quero muito ir embora para poder usufruir da minha família. Tenho esperança. Deus vai me dar logo esse terceiro coração, vou ficar bem e ter uma boa recuperação. Peço orações.”

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A jovem Vitória aguarda pelo terceiro transplante de coração
Foto tirada pouco antes de Vitória ser hospitalizada e terceiro transplante ser aventado
Um dos sonhos de Vitória é cursar medicina
Vitória cuida da irmã Majú, de 2 anos, como se fosse uma filha
Vitória ganhou 20 quilos após ser internado, segundo a mãe, por causa de inchaço
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Vitória cuida da irmã Majú, de 2 anos, como se fosse uma filha

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A jovem Vitória aguarda pelo terceiro transplante de coração

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Foto tirada pouco antes de Vitória ser hospitalizada e terceiro transplante ser aventado

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Um dos sonhos de Vitória é cursar medicina

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Vitória cuida da irmã Majú, de 2 anos, como se fosse uma filha

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Vitória ganhou 20 quilos após ser internado, segundo a mãe, por causa de inchaço

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Mãe e filha no Instituto de Coração de São Paulo

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Transplantes em São Paulo

Ao todo, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, 20,8 mil pacientes aguardam a doação de órgãos no estado de São Paulo. Os órgãos com as maiores demandas, na lista de espera, são rim (16,2 mil), córnea (3,7 mil) e fígado (462).

A pasta diz, em nota enviada ao Metrópoles, que pacientes que precisam de transplante de órgãos são inseridos no Cadastro Técnico do Sistema Estadual de Transplantes de São Paulo, ou seja, a fila de transplante. No estado, acrescenta, há dez Organizações de Procura de Órgãos, distribuídas pelo interior e capital.

Somente pessoas com diagnóstico de Covid-19, com menos de 28 dias da regressão completa dos sintomas, não podem doar órgãos, segundo diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).

“A doação deve ser consentida e quem quiser ser doador não precisa mais incluir a informação no RG ou na CNH, basta comunicar a família sobre esse desejo. No caso dos falecidos, a autorização para doação deve ser dada por familiares com até o 2º grau de parentesco”, afirma a Saúde estadual.

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