Jogo do Tigrinho: empresas têm contas bloqueadas por pagar influencer
Larissa Rozendo Fonseca teria recebido mais de R$ 300 mil de 5 empresas diferentes para divulgar o chamado “Jogo do Tigrinho”
atualizado
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São Paulo – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou nesta quinta-feira (1º/8) a quebra do sigilo bancário e o bloqueio de contas de cinco empresas que teriam realizado pagamentos para a influenciadora Larissa Rozendo Fonseca, de 20 anos, investigada por divulgar o chamado “Jogo do Tigrinho”.
Ela é alvo de uma operação da Polícia Civil na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, contra jogos de azar.
A 3ª Delegacia de Investigações Sobre Fraudes Financeiras e Econômicas, que investiga o caso, fez uma representação em julho para pedir o afastamento de sigilo bancário de empresas, bloqueio de contas bancárias e bloqueio de sites de jogo de azar virtual.
“Segundo o apurado, após o cumprimento do mandado de busca e apreensão domiciliar expedido por este juízo, os investigadores localizaram na casa da investigada um extrato bancário no período de 3 de janeiro a 23 de março de 2024, com saldo final de R$ 335.112,00”, diz trecho da solicitação do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
“Os investigadores apuraram, então, que no referido período, a conta mantida pela referida empresa recebeu vultuosas quantias das seguintes pessoas jurídicas: X.Hao Ltda., VMOR Comercial Ltda., YCFSHOP Tecnologia em Ecommerce Ltda., Cash Pay Meios de Pagamento Ltda. e Golden Cat Processamento de Pagamento Ltda”, completou o órgão.
O juiz de direito Brenno Gimenes Cesca, da 2ª Vara Criminal do Foro de São José dos Campos, acatou a solicitação parcialmente, determinando a quebra do sigilo bancário e o bloqueio das contas de cinco empresas que teriam feito pagamentos para a influenciadora.
Na decisão, o magistrado afirma que a medida é “imprescindível para melhor elucidação dos fatos e prosseguimento da investigação”.
Porém, ele negou o pedido do MPSP para o bloqueio de sites operadores de jogos e cassinos virtuais, por considerar que o “marco civil da internet elegeu a liberdade de expressão como princípio da disciplina do uso da internet no Brasil”.
Quem é a influenciadora
Larissa Rozendo Fonseca tem 20 anos e é investigada por divulgar plataformas como o famoso “Jogo do Tigrinho”, uma espécie de cassino on-line que é considerado ilegal no Brasil por ir contra a Lei de Contravenções Penais.
Larissa tem mais de 300 mil seguidores nas redes sociais e, de acordo com a polícia, teve uma evolução patrimonial muito rápida. Ela comprou carros de luxo, uma moto aquática, além de uma casa de luxo, avaliada em mais de R$ 2 milhões, em um condomínio no bairro Urbanova, além de realizar viagens ao exterior.
“Os planos de Deus sempre foram maiores que o meu, só gratidão por tudo”, diz a influenciadora nas redes sociais.
Entre as publicações em que ostenta viagens, casa, carros e outros objetos, Larissa faz vídeos divulgado o “Jogo do Tigrinho” dando a entender que é uma forma de ganhar dinheiro fácil.
O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no pedido que fez à Justiça para cumprimento do mandado de busca e apreensão, avalia que a influenciadora não tem nenhum registro profissional e que todas as conquistas financeiras são motivadas pela divulgação dos jogos.
“Larissa Rozendo não possui atividade laboral lícita, todo seu dinheiro é proveniente das fraudes, análise prematura, contudo, o padrão de ostentação apresentado em suas redes sociais como compra de veículos importados, compra de mansão em condomínio, viagens paradisíacas e roupas de grife são incondizentes para quem não exerce atividade laboral”.
O que é o “Jogo do Tigrinho”
O Fortune Tiger é um jogo eletrônico do tipo caça-níquel que promete ganhos em dinheiro. O jogo é considerado ilegal porque vai contra a Lei de Contravenções Penais, que considera crime os jogos de azar em que o ganho ou a perda dependem da sorte.
O jogador faz aposta e aciona a roleta em busca de uma sequência de figuras repetidas para obter valores em dinheiro.
Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o uso abusivo de jogos eletrônicos como uma doença, pelo fato de a jogatina on-line promover prejuízos físicos, psicológicos e inter-relacionais. Há situações em que o vício vira caso de polícia. Jogadores contraem altas dívidas, vendem seus bens, chegam a fugir de casa com medo de credores e até a tirar a própria vida.