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Japonês que viveu em SP criou grupo similar ao que venceu Nobel da Paz

Takashi Morita viveu até os 100 anos em SP e fundou grupo similar ao Nihon Hidankyo, que venceu o Nobel pela luta contra armas nucleares

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Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
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1 de 1 takashi-morita - Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

São Paulo — Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu a cidade de Hiroshima em 1945, no Japão, fundou em 1984 a Associação Hibakusha Brasil pela Paz, uma organização semelhante à Nihon Hidankyo, que venceu o Nobel da Paz 2024 nesta sexta-feira (11/10). Takashi viveu até os 100 anos em São Paulo, falecendo em agosto deste ano.

Hibakusha” é um termo em japonês que significa “pessoa afetada pela explosão”. A associação reuniu centenas de sobreviventes dos ataques nucleares no Brasil, incluindo as vítimas de Nagasaki, onde outra bomba atômica explodiu três dias depois de Hiroshima.

De acordo com Comitê Norueguês do Nobel, a Nihon Hidankyo foi escolhida neste ano por seus “esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de depoimentos de testemunhas, que armas nucleares nunca devem ser usadas novamente”.

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Takashi tinha 21 anos e era policial militar quando foi atingido pela bomba
Abalado pelo horror da bomba, Takashi Morita se tornou pacifista e passou os últimos anos fazendo palestras contra o uso de armas nucleares
Takashi Morita foi sobrevivente da bomba atômica
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Sobrevivente da bomba se tornou patrono de Etec em São Paulo em 2011

USP Imagens / Marcos Santos
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Takashi tinha 21 anos e era policial militar quando foi atingido pela bomba

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Abalado pelo horror da bomba, Takashi Morita se tornou pacifista e passou os últimos anos fazendo palestras contra o uso de armas nucleares

Arquivo Pessoal
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Takashi Morita foi sobrevivente da bomba atômica

USP Imagens / Marcos Santos

Takashi tinha 21 anos em 6 de agosto de 1945, dia do primeiro ataque nuclear no Japão, e era soldado da polícia militar japonesa. Ele permaneceu em Hiroshima por 12 anos, empenhado na reconstrução da cidade onde haviam morrido, apenas no ano da explosão, mais de 60 mil pessoas. Nos anos posteriores, a contagem chegou a 130 mil mortos.

Em 1956, com a mulher, dois filhos e um diagnóstico de leucemia, ele embarcou rumo ao Porto de Santos e de lá rumou para São Paulo.

Em sessão solene, Morita recebeu o título de Cidadão Paulistano em 2015. Ao lado de outros dois “hibakushas”, foi homenageado, em 2019, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Também em 2019, a Escola Técnica Estadual (Etec) de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, criada em 2009, passou a se chamar Etec Takashi Morita, em uma homenagem ao ativista.

Em 1º de março deste ano, estudantes e professores da Etec prestaram homenagem para Takashi pelos 100 anos que seriam completados em 2 de março. A recepção contou com a presença de toda a comunidade escolar e de figuras públicas como o Cônsul Geral do Japão Shimizu Toru, parlamentares e outros sobreviventes.

Ao Metrópoles, o professor da Etec André Lopes Loula, que trabalhou com Takashi, comemorou a premiação da organização Nihon Hidankyo e ressaltou a importância do ativismo pelo fim das armas nucleares. “Hoje nós vemos no mundo a ameaça nuclear em vários conflitos, e é importante lembrar do sr. Takashi Morita, que viveu até seu último dia lutando pela paz”, afirmou.

Morita escreveu, em 2017, o livro “A Última Mensagem de Hiroshima: O que Vi e Como Sobrevivi à Bomba Atômica”. Em um trecho da obra, ele descreve que “(…) A cidade estava dominada por um odor insuportável, uma mistura de cheiro de queimado com o de cadáveres. Só de respirar, podíamos sentir o grau da destruição”.

“Esse foi o pior dia da minha vida e, ainda assim, nunca consegui apagá-lo da memória. Mesmo depois de mais de setenta anos, posso revivê-lo detalhadamente, com todo o horror que presenciei”, relata Morita.

A obra vai ser adaptada em um filme de curta-metragem intitulado “Alma Errante – Hibakusha”, dirigido por Joel Yamaji e produzido pela Grão Filme, de Joel Pizzini.

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