Irmão de mulher que acusa Nunes já atuou para coordenador de Boulos
Homem recebeu R$ 200 para trabalhar na campanha de Antonio Donato (PT), que diz desconhecê-lo. Irmã acusa Nunes de receber repasses ilegais
atualizado
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São Paulo — A mulher que gravou um vídeo acusando o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), de receber dinheiro desviado de creches da prefeitura paulistana tem um irmão que já prestou serviços eleitorais para um dos coordenadores da campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que disputa a eleição contra o emedebista.
Anselmo Crepaldi dos Santos, irmão de Rosângela Crepaldi, recebeu R$ 200 da campanha do deputado estadual Antonio Donato (PT), em 2016, quando o petista concorreu a vereador da capital. Donato é um dos coordenadores do plano de governo da candidatura de Boulos. Por meio de nota, ele disse que não tem “nenhum relacionamento” com Anselmo.
“Na campanha eleitoral de 2016, contratei centenas de fornecedores, devidamente informados à Justiça Eleitoral. Consta um pagamento de R$ 200 ao senhor Anselmo Crepaldi dos Santos. Pessoa que não tenho nenhum relacionamento. Lamento que procure se explorar politicamente esse fato para encobrir as gravíssimas declarações da senhora Rosângela Crepaldi, que merecem ser apuradas, sobre o prefeito Ricardo Nunes”, disse Donato.
Rosângela é uma das 111 pessoas indiciadas pela Polícia Federal (PF) por envolvimento em um suposto esquema de desvio de dinheiro de creches terceirizadas da prefeitura, que seria feito por meio das entidades contratadas pela gestão municipal, escritórios de contabilidade e empresas que emitem notas fiscais frias.
Funcionária de uma das empresas centrais da chamada máfia das creches, Rosângela disse em vídeo gravado por seu advogado, mas que não foi anexado ao processo, que Nunes recebeu dinheiro desviado das creches por uma das entidades contratadas pela prefeitura.
Nesta semana, a PF concluiu que houve desvio de dinheiro de creches e, além de indiciar 111 suspeitos, manteve aberta uma investigação para apurar possível envolvimento do prefeito no esquema. Uma empresa da família de Nunes recebeu R$ 20 mil e o prefeito foi beneficiário de dois cheques no valor total de R$ 11,6 mil pagos por uma das empresas investigadas. Nunes nega qualquer irregularidade e diz que os pagamentos foram por serviços prestados pela empresa da família.
Como mostrou o Metrópoles nesta sexta-feira (2/8), a investigação da PF aponta que a máfia das creches na capital paulista movimentou R$ 1,5 bilhão entre os anos de 2016 e 2020.