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“Só US$ 300? Vou matar”: irmão de brasileiro sequestrado relata ameaça

Irmão de brasileiro que era mantido em cativeiro em Guayaquil, no Equador, detalha conversa com sequestradores e emoção após libertação

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Foto colorida de Thiago Allan Freitas - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Thiago Allan Freitas - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — O irmão do empresário Thiago Allan Freitas, de 38 anos, que ficou quase dois dias mantido em um cativeiro em Guayaquil, no Equador, detalhou em conversa com o Metrópoles as ameaças feitas pelos sequestradores enquanto a família vivia momentos de angústia em São Paulo.

Thiago foi libertado na noite dessa quarta-feira (10/1) pela polícia local, falou com o irmão por chamada de vídeo e reencontrou os três filhos que moram com ele na cidade equatoriana. “Ele só chorava, murmurava, não conseguia falar”, relata Eric Lorran Vieira, irmão de Thiago.

Ele diz que, após várias conversas com sequestradores e a orientação da polícia para interromper o contato, pensou que poderia se tratar de um golpe.

“Era mais ou menos 20h. Um número com prefixo 593 começou a me ligar em vídeo. Foram três chamadas seguidas. Fiquei com medo de que fosse algum sequestrador. E já tinham falado para a gente não atender mais ligação deles. Enquanto isso, mandei mensagem para o meu sobrinho para perguntar se ele sabia de alguma coisa, mas ele não sabia de nada. Ele falou: ‘Atende logo, estou com um pressentimento bom’”, afirma.

“Foi uma ligação muito bonita, emocionante mesmo. Primeiro mostrou a cara de um policial num carro. Mesmo vendo o policial, eu fiquei com medo. Vai que era um bandido com roupa de policial. Mas aí ele virou a câmera e mostrou meu irmão no carro. Eu já dei um berro imenso aqui em casa, a voz quase não saía. Meu irmão caiu no choro. Ele só chorava, murmurava, não conseguia falar. Ele só disse: ‘Eu tô bem’”, completa.

Eric diz que ele e o irmão queriam conversar por mais tempo, mas o policial que estava com Thiago desligou a ligação porque eles precisavam ir para a delegacia. Lá, Thiago detalhou aos policiais como foram os dias que passou sob posse dos sequestradores.

“Só US$ 300? Vamos matar”

Nas primeiras horas do sequestro, Eric foi a pessoa que conversava diretamente com os sequestradores e para quem eles pediam dinheiro. Segundo ele, os criminosos faziam ameaças constantes e, inicialmente, pediam a quantia de 8 mil dólares.

“Eu expliquei que não tinha como, que a gente era pobre e que um dólar no Brasil equivale a mais de cinco reais. […] Depois, eles mandaram a gente mandar quanto dinheiro conseguisse. A gente começou a chamar várias pessoas para pedir dinheiro. Até os sequestradores começaram a mandar o contato de amigos do Thiago para a gente ligar”, diz Eric.

Em dado momento da conversa, os sequestradores subiram o tom e pediram para que a família enviasse todo o dinheiro que tinham reunido até o momento. O irmão de Thiago teria informado aos sequestradores que a família tinha só 300 dólares.

“Quando eu falei isso, eles mandaram por mensagem: ‘Só 300? Vocês não tem nada. Então vou logo matar, sem mas’. Depois ele enviou uns vídeos de um cara sendo executado e disse: ‘O próximo vídeo que eu vou enviar vai ser assim’”.

Eric afirma que, nesse momento, a família conseguiu enviar 500 dólares. Depois, mais 600.

“Ao mesmo tempo, a minha cunhada também estava arrecadando. E ela conseguiu um pouco mais. Daí, somando, deu 500. Foi isso que a gente mandou aquela hora”, afirma.

Primeiro contato

Eric soube do sequestro por volta das 13h do dia 9/1. Ele estava em casa, preparando o almoço do filho, quando recebeu uma ligação de um amigo que não vê há muito tempo.

“Por algum motivo, o primeiro contato que eles fizeram foi com um amigo nosso que eu não vejo há anos. Ele só me ligou contando essa história e eu pedi para ele encaminhar tudo o que os sequestradores tinham mandado, várias fotos. Foi assustador. Mas eu mantive a calma”, diz.

“Primeiro você começa a não acreditar. Começa a pensar: ‘Ele fez alguma cagada, deve ter se envolvido com quem não devia. Depois fui entendendo’, completa.

O irmão de Thiago afirma que os criminosos também mantiveram contato com o filho mais velho dele, que tem 17 anos e mora com o pai em Guayaquil.

“Eles começaram a pressionar o menino e a companheira do Thiago, que também mora lá no Equador. Eles não queriam saber se era adolescente, criança, menor de idade. Eu ainda falei: ‘Você entende que é uma criança?”, diz.

O filho de Thiago chegou a publicar um vídeo em seu perfil no Instagram em que denuncia o sequestro do pai e pede dinheiro para enviar aos sequestradores.

“Já enviamos todo o dinheiro que tínhamos. Não temos mais. Por isso, recorro a vocês, que me ajudem com o que têm, com qualquer valor, é muito bem-vindo. Se é US$ 1, US$ 2, precisamos de verdade. Estamos desesperados”, disse o garoto.

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