“O mundo não é justo”: irmã revela fala de médico dias antes do crime
Irmã de Perseu Ribeiro, médico assassinado a tiros no RJ, conversou com o Metrópoles sobre o sepultamento na manhã deste sábado (7/10)
atualizado
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São Paulo – Centenas de pessoas compareceram ao sepultamento do médico Perseu Ribeiro Almeida, assassinado a tiros em um quiosque no Rio de Janeiro, na manhã deste sábado (7/10). O velório contou com um cortejo até o Cemitério Jardim da Saudade, na cidade de Ipiaú, no sul da Bahia.
A irmã de Perseu, Laís Ribeiro Almeida, estava emocionada ao falar sobre a cerimônia de despedida do médico. “Bastante comoção, homenagens e declarações. Como ele merece”. Em entrevista ao Metrópoles, a jovem de 29 anos reproduziu o discurso feito por ela mesma, em que ressalta as semelhanças com o irmão e até cita um dos filmes preferidos do médico: Rocky, de Sylvester Stallone.
“Vou citar uma frase de um dos filmes que você gostava muito: ‘ninguém vai bater tão forte como a vida, mas a questão não é quão forte você consegue bater. É o quão forte você consegue apanhar, o quanto você consegue aguentar e continuar seguindo em frente. A vitória é feita assim. A vida já é difícil normalmente, mas, em alguns momentos, ela pode até te derrubar. No entanto, é preciso levantar sempre’. E a pancada foi forte, meu irmão, mas, por você, eu prometo levantar”.
Em seu discurso, a irmã afirmou que o médico foi “um ser humano muito melhor do que eu, ouso afirmar que melhor que a maioria das pessoas aqui presentes”. Ela ainda lamentou a forma como o irmão teve a vida encerrada.
“Tiraram você de nós de uma forma injusta, mas, como você mesmo me disse, alguns dias antes, infelizmente, o mundo não é justo”.
Laís concluiu a homenagem dizendo ao irmão que “podem ter levado seu corpo, mas jamais destruirão o seu espírito. Isso não é um adeus, é um até logo”.
Presença do governador
O corpo do médico baiano chegou ao aeroporto de Ipiaú no fim da tarde de sexta-feira (6/10). Em seguida, ele foi levado para o Salão da Maçonaria, onde foi velado durante a madrugada por familiares e amigos próximos.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), esteve no local e também prestou condolências aos parentes de Perseu. “Ele foi até a nossa residência prestar os pêsames. Somos muito gratos pelo apoio do governo do estado nesse momento”, disse Laís.
Perseu completou 33 anos na última terça-feira (3/10) e viajou para o Rio de Janeiro para participar de um congresso internacional de ortopedia. O médico deixa dois filhos, uma menina de 3 anos e um menino de 11.
Execução
Além de Perseu, os médicos Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSol-SP), e Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, foram executados com ao menos 33 tiros de pistolas calibre 9 milímetros.
A ação criminosa durou cerca de 20 segundos. Dois dos atiradores ainda voltaram ao quiosque, depois que uma das vítimas tentou se abrigar.
O caso ocorreu na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, próximo a um quiosque na altura do Posto 4. Os criminosos saíram de um carro branco já disparando tiros de pistola contra os médicos. Nada foi levado pelos bandidos.
A principal linha de investigação é que os médicos tenham sido executados por engano. A Polícia Civil do Rio apura se Perseu Almeida foi confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do homem apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.
Sobrevivente
Único sobrevivente do ataque, o médico paulista Daniel Sonnewend Proença, de 33 anos, passou por cirurgia e foi transferido para um hospital particular, segundo a Secretaria Municipal de Saúde carioca.
Daniel foi alvo de pelo menos três disparos e passou por procedimento cirúrgico no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, antes de ser transferido. O estado de saúde é estável.
Formado em 2016 pela Faculdade de Medicina de Marília, no interior de São Paulo, ele é especialista em cirurgia ortopédica, traumas, reconstrução e alongamento ósseo.