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Investigador tinha rede de compra de droga desviada, diz Corregedoria

Preso em janeiro sob suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, policial teria desviado cargas de drogas e as vendido a traficantes

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Homem branco com barba por fazer, em retrato com fundo branco - Metrópoles
1 de 1 Homem branco com barba por fazer, em retrato com fundo branco - Metrópoles - Foto: Reprodução/Polícia Civil

São Paulo – Preso em janeiro deste ano, o investigador-chefe do 77º DP (Santa Cecília), Cléber Rodrigues Gimenez, de 47 anos, mantinha uma rede de subordinados — ligados ao crime — por meio da qual viabilizava a venda de drogas desviadas de apreensões feitas pela Polícia Civil na capital paulista.

O esquema rendeu ao policial, no período de cinco anos, ao menos R$ 81 milhões — valor movimentado em suas contas bancárias, como indicam relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Ele agia em parceria com outros policiais civis, entre eles, segundo documento da Corregedoria da instituição, o atual chefe de investigações da 1ª Delegacia Seccional — que administra os distritos policiais do centro paulistano. Elvis Cristiano da Silva trabalhava normalmente na seccional central até a última sexta-feira (7/2), como apurou o Metrópoles. Sua defesa não foi localizada.

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Chefe de investigações  Elvis Cristiano da Silva
Investigador de 1ª Classe Eduardo Xavier dos Santos
Cleber Rodrigos Gimenez, chefe de investigação da Polícia Civil de SP
Policial foi preso sob a suspeita de chefiar esquema criminoso
Cargas de drogas eram apreendidas e trocadas por talco ou gesso
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Cleber Rodrigos Gimenez, chefe de investigação da Polícia Civil de SP

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Cargas de drogas eram apreendidas e trocadas por talco ou gesso

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Ele e Cléber Rodrigues Gimenez foram indicados em denúncia por supostamente compor quadrilha de agentes públicos, suspeitos de desviar e vender drogas.

Para isso, Cléber Gimenez contava com uma espécie de departamento de vendas, composta por criminosos, entre eles um colombiano, que viabilizava o comércio do entorpecente com traficantes internacionais.

Desviando cargas

O parceiro de Cléber Gimenez, da Colômbia, negociava cargas de cocaína e maconha oriundas de outros estados. Um local para a entrega da encomenda ilegal era combinado, em São Paulo. Então, “gansos”, ligados ao investigador-chefe, passavam-se por policiais e apreendiam as cargas.

Os “gansos” são figuras presentes há décadas no submundo da Polícia Civil. Eles ajudam policiais corruptos na realização de crimes, além de servir como agentes duplos, repassando informações sobre criminosos para equipes de apuração, as quais se valem disso para extorquir quadrilhas.

O chefe de investigações também contava com uma rede de contatos, em outros estados, que lhe detalhava as características dos veículos com as cargas, além dos locais por onde trafegariam com a droga.

Galpão no Bom Retiro

A denúncia reproduzida pelo MPSP segue explicando que, após ser “apreendida” pelos gansos, a droga era levada para um galpão pertencente ao investigador-chefe, na região do Bom Retiro, centro paulistano. No local, a carga — geralmente cocaína — tinha a mesma quantidade da apreensão substituída por talco, gesso ou algum pó branco.

A falsa droga, então, era encaminhada até uma delegacia do centro paulistano, para que o flagrante de tráfico fosse registrado em boletim de ocorrência (B.O.), por policiais de plantão, os quais recebiam, cada um, R$ 30 mil.

Para garantir o sucesso do esquema, um perito do Instituto de Criminalística ligado à quadrilha fazia laudos falsos, constatando que a carga apresentada era de drogas. Com isso, a droga verdadeira era negociada com traficantes, inclusive da Colômbia, mostram as investigações.

Policiais corruptos ligados à 1ª Delegacia Seccional do Centro de São Paulo, segue o documento da Promotoria, teriam embolsado ao menos R$ 50 milhões com o esquema.

Experiência anterior

O modelo empregado para desviar as cargas no centro de São Paulo é alvo de outra investigação, feita contra Cléber Gimenez, quando ele trabalhava em São Bernardo do Campo, cidade do ABC, região metropolitana.

Documento da Corregedoria indica que o policial contava com dois apartamentos na cidade da Grande São Paulo, dentre os quais um era usado como laboratório para realizar a troca das cargas de droga pura pelas “batizadas”, que seriam apresentadas nos distritos.

A cocaína e maconha apreendidas eram mantidas no apartamento, além de dinheiro, e posteriormente encaminhadas para compradores.

Da mesma forma que na capital paulista, o policial teria corrompido funcionários do Instituto de Criminalística, para que eles constatassem como drogas as cargas de falso entorpecente apresentadas nos distritos policiais. A Corregedoria identificou 23 boletins de ocorrência suspeitos, feitos sob a gestão de Cléber Gimenez.

O policial atuou no ABC até 2019, quando foi transferido para a capital paulista, onde seguiu agindo em suposta parceria com o crime, resultando em sua prisão, em janeiro.

Além dele, foram detidos os investigadores Gustavo Cardoso de Souza, de 38, e Thiago Gonçalves de Oliveira, de 35, que eram seus subordinados no 77º DP (Santa Cecília), o empresário do ramo da construção Maxwell Pereira da Silva, de 30, e Matheus Cauê Mendes Parro, de 27. As defesas deles não foram localizadas. O espaço segue aberto para manifestações.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que “todos os fatos citados são alvo de apuração para aplicação das medidas cabíveis”.

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