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Investigada por Máfia das Creches recua de acusações contra Nunes

Em depoimento à Polícia Civil, Rosângela Crepaldi voltou atrás nas acusações de que a empresa de Ricardo Nunes havia recebido repasses

atualizado

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Ricardo Nunes
1 de 1 Ricardo Nunes - Foto: Divulgação

São Paulo — Investigada pela Polícia Federal (PF) por ligação com a chamada Máfia das Creches, Rosângela Crepaldi recuou da denúncia que havia feito contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em um depoimento à Polícia Civil nessa terça-feira (24/9). Ela negou o envolvimento do prefeito com o esquema.

Em um vídeo publicado pela Folha de S. Paulo em 30 de julho, Rosângela havia acusado Nunes de receber dinheiro desviado de unidades de ensino infantil da cidade no período em que foi vereador da capital paulista. Ela é funcionária de um escritório de contabilidade suspeito de articular um esquema de emissão de notas fiscais frias para lavar o dinheiro desviado das creches.

No material publicado pela Folha e confirmado pelo Metrópoles, Rosângela afirmava que a empresa de Ricardo Nunes recebia dinheiro de creches sem receber nenhum serviço de contrapartida. Agora, ela nega a versão.

No novo depoimento, a mulher diz que “desconhece a participação, envolvimento, direto ou indireto de de Ricardo Nunes em quaisquer negócios de creche ou nos fatos investigados pela Policia Federal”.

A respeito da versão anterior, Rosângela diz que “estava em um momento de muita confusão e nervosismo em sua vida (…) e pode ter se equivocado com as palavras quando gravou o vídeo falando sobre os repasses”, e pede desculpas ao prefeito.

Rosângela diz ainda, no novo depoimento, que “não autorizou” a publicação do vídeo por ninguém e que, desde a divulgação do material, “a sua vida virou um inferno; passou a ser procurada por pessoas envolvidas na investigação e até foi ameaçada”.

Ela nega ter sido procurada por Nunes ou por pessoas ligadas ao prefeito para alterar o que já havia dito, mas decidiu fazer isso em razão da repercussão negativa que o material causou em sua vida.

Na época de publicação do material pela Folha de S. Paulo, o Metrópoles apurou que o material não constava no inquérito sobre o caso, que apura outros desvios de recursos públicos da educação por organizações sociais que administram creches.

Máfia das creches

Desde 2020, a PF tem informações de que uma organização social, a Associação Amigos da Criança e do Adolescente (Acria), que na época era presidida por Eliana Targino, ex-funcionária de Nunes, havia feito repasses em dinheiro à empresa da família do prefeito, a dedetizadora Nikkey.

As investigações apontaram, contudo, que a Acria desviava o dinheiro que recebia para administrar as creches por meio de compras forjadas, em um esquema intermediado pelo escritório de contabilidade de Rosângela, que passou a ser investigada.

Na primeira versão gravada em vídeo, Rosângela havia afirmado que a associação seria, na verdade, do próprio Nunes, que receberia parte do dinheiro que deveria ser usado para a operação das creches.

“Esse trâmite da Acria era administrado por essas pessoas [funcionários que constam como responsáveis], mas a gente sabia que era ele [Nunes]. Inclusive, quando foi formalizar o contrato, ele que veio no meu escritório e falou diretamente comigo”, disse a investigada, no vídeo.

Mas no depoimento dessa terça-feira (24/9), ela recuou na acusação e disse que “o que se sabe é que a família de Ricardo Nunes tinha e tem negócios com dedetização e por muitas vezes sabe que realizou este tipo de serviço em associações mencionadas, sem qualquer tipo de irregularidade”.

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