Investigada pela PF diz que Nunes recebeu dinheiro desviado de creches
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, uma mulher investigada por ligação com a Máfia das Creches acusa Ricardo Nunes de receber repasses
atualizado
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São Paulo — Uma mulher ouvida pela Polícia Federal (PF) em uma investigação sobre um suposto esquema de desvio de recursos de creches afirma que o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), recebeu dinheiro desviado de unidades de ensino infantil da cidade no período em que foi vereador.
As informações foram publicadas nesta terça-feira (30/7) pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmadas pelo Metrópoles.
A mulher se chama Rosângela Crepaldi, funcionária de um escritório de contabilidade suspeito de articular um esquema de emissão de notas fiscais frias para lavar o dinheiro desviado das creches. Ela diz, em uma gravação em vídeo exibida pela reportagem, que a empresa do prefeito recebeu dinheiro das creches sem ter prestado serviço.
“Esse repasse era todo contabilizado. Esse dinheiro entrava na conta dos fornecedores e os fornecedores repassavam o que não era de compras em devolução à empresa”, diz Rosângela. “Era repasse. Nunca prestaram nenhum tipo de serviço para mim”, disse a investigada.
Desde 2020, a PF tem informações de que uma organização social, a Associação Amigos da Criança e do Adolescente (Acria), que na época era presidida por Eliana Targino, ex-funcionária de Nunes, havia feito repasses em dinheiro à empresa da família do prefeito, a dedetizadora Nikkey.
As investigações apontaram, contudo, que a Acria desviava o dinheiro que recebia para administrar as creches por meio de compras forjadas, em um esquema intermediado pelo escritório de contabilidade de Rosângela, que passou a ser investigada.
Ao falar sobre o assunto, Rosângela afirma que associação seria, na verdade, do próprio Nunes, que receberia parte do dinheiro que deveria ser usado para a operação das creches.
“Esse trâmite da Acria era administrado por essas pessoas [funcionários que constam como responsáveis], mas a gente sabia que era ele [Nunes]. Inclusive, quando foi formalizar o contrato, ele que veio no meu escritório e falou diretamente comigo”, diz a investigada, no vídeo.
A reportagem afirma que o vídeo não consta no inquérito, que apura outros casos de desvios de recursos públicos da Educação por organizações sociais que administram creches.
Nunes zerou a fila de espera por vagas de creches em 2022 por meio de contratos feitos sem licitação com organizações sociais.
Por meio de nota, a Prefeitura informou que o tema deveria ser tratado com a equipe de campanha de Nunes. O Metrópoles procurou a assessoria da campanha do prefeito. O espaço segue aberto para manifestação.