Polícia investiga se parentes de empresário tiraram bebidas de Porsche
Novo inquérito foi aberto; suspeita é que familiares de Fernando Sastre tenham cometido fraude processual após acidente com Porsche
atualizado
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São Paulo — Por determinação da Justiça de São Paulo, a Polícia Civil abriu um novo inquérito sobre o caso do empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, que atropelou e matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana no último dia 31 de março, enquanto dirigia em alta velocidade em seu Porsche. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o objetivo é apurar se houve crime de fraude processual envolvendo familiares de Fernando.
A suspeita é que eles tenham retirado garrafas de bebida alcoólica do veículo antes da chegada da perícia. Após o acidente, a mãe de Fernando foi até o local. Imagem da câmera corporal acoplada à farda de uma policial que atendeu à ocorrência mostra eles tentando deixar o local sem serem percebidos.
Nas imagens o empresário fala com uma policial feminina, cuja câmera corporal registra a abordagem (assista abaixo), com a voz pastosa, indicando uma suposta embriaguez. As suspeitas de que as garrafas teriam sido retiradas do Porsche teriam surgido a partir do depoimento de testemunhas. O teor das oitivas fez com que o Ministério Público solicitasse a nova investigação.
O inquérito também será conduzido pelo 30º Distrito Policial de São Paulo. O empresário é réu por homicídio por dolo eventual e lesão corporal gravíssima, por ferir gravemente seu amigo Marcus Vinicius Machado Rocha.
Fernando Sastre está preso preventivamente na Penitenciária P2 de Tremembé, conhecida como “cadeia dos famosos”, onde aguarda julgamento. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) agendou para o dia 2 de agosto seu interrogatório.
Assista:
Câmera corporal
Antes da abordagem, a policial precisou ir atrás de Fernando e da mãe dele, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, que aparentemente tentavam sair do local, sem prestar esclarecimentos. “Você não pode tirar ele daqui assim”, argumenta a PM, assim que alcança mãe e filho.
Daniela argumenta que precisa levar o filho para o hospital e é questionada pela PM o motivo de ele não ter permitido que socorristas dos bombeiros e do Samu fizessem isso no local.
Por fim, a policial ouve do empresário que ele havia saído de uma “festa” acompanhado do amigo Marcus Vinicius Rocha, 22, que era socorrido no momento da abordagem de Fernando. Ele chegou a ficar em estado grave por causa da batida e se recuperou.
A PM, apesar dos sinais de embriaguez, libera Fernando, cuja mãe se compromete a levar a um hospital, o que não aconteceu posteriormente. Ele só se apresentou a uma delegacia mais de 36 horas depois.
Fernando, Marcus e as namoradas deles estiveram em um restaurante, antes do acidente, onde consumiram ao menos nove drinks alcoólicos, como consta em uma comanda.
Porsche acima da velocidade
Laudo do Instituto de Criminalística apontou que o carro do empresário estava a 156 km/h, onde a velocidade máxima permitida é de 50 km/h. Quando se apresentou à polícia, contudo, mais de 36 horas após o acidente, o empresário disse que estava “um pouco acima da velocidade máxima permitida”.
À polícia, o amigo que estava no Porsche disse que Fernando Filho havia ingerido bebida alcoólica antes, contrariando o depoimento do empresário.
Antes do acidente, os amigos e suas respectivas namoradas foram a um restaurante, onde o grupo consumiu nove drinques, e depois a uma casa de pôquer, com open bar.
A análise das imagens das câmeras corporais dos PMs que atenderam a ocorrência mostra o momento em que Fernando Filho é liberado do local do acidente junto com a mãe, sob a justificativa de que iria procurar atendimento médico.