Insistência por Silvão pode rachar base de Nunes na eleição da Câmara
Parlamentares avaliam que Executivo deve dar sinal mais claro sobre acordo com União Brasil; nome de Ricardo Teixeira tem mais apoio
atualizado
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São Paulo — A insistência do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), em indicar o apadrinhado Silvão, do mesmo partido, para a sua sucessão tem enfrentado resistência entre as lideranças partidárias da Casa e pode causar um racha na base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na eleição da Mesa Diretora, que ocorrerá no dia 1º de janeiro de 2025.
Parlamentares avaliam que a escolha de um novato em primeiro mandato para o comando do principal Legislativo municipal do país poderia enfraquecer a base de Nunes na Câmara.
Leite afirma que fechou um acordo com Nunes à época da campanha para que a presidência da Câmara fique com o União Brasil pelos próximos quatro anos. “Quando sentamos na reunião que tivemos com os presidentes nacionais, ficou claro que ao MDB caberia a chapa majoritária. O Valdemar [Costa Neto, do PL] tinha a vice e a instância de poder nossa foi a Câmara pelos quatro anos e com o compromisso de sustentar o prefeito também”, afirmou Leite em entrevista ao Metrópoles, na última semana.
As lideranças partidárias se dizem dispostas a cumprir o acordo entre União e o Executivo, mas a indicação de Silvão desagrada especialmente os mais velhos, que se sentiriam “desmoralizados”, nas palavras de um parlamentar ouvido.
A falta de uma sinalização clara por parte do Executivo até o momento tem gerado um cenário de compasso de espera. “Estamos no limbo”, avaliou outro vereador em reservado.
Entre os vereadores ouvidos, o nome do União que seria consenso para a cadeira seria o de Ricardo Teixeira, visto como experiente e com boa relação com as bancadas. Teixeira foi secretário municipal de Mobilidade e Transportes na gestão Nunes, além de secretário das Subprefeituras e do Verde e Meio Ambiente do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Ele também já atuou em órgãos públicos como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Segundo aliados, o vereador também era o nome preferido de Ricardo Nunes para a presidência da Câmara. Leite, no entanto, deseja indicar Teixeira para o secretariado de Nunes, devido à sua experiência pregressa no Executivo. Antes dele, a preferência para a sucessão de Milton Leite era de Rubinho Nunes (União), mas seu nome desagrada o prefeito e seu entorno devido ao apoio do vereador a Pablo Marçal (PRTB) durante a campanha eleitoral.
Além de Rubinho e Silvão, os outros nomes da bancada eleita do União são Silvinho, outro apadrinhado por Milton Leite; pastora Sandra Alves; Adrilles Jorge; e Amanda Vetorazzo; esses dois últimos são considerados mais “independentes”.
A avaliação entre vereadores é que, caso não haja um acordo até o recesso parlamentar, a votação que ocorrerá no dia 1º de janeiro de 2025 pode se tornar imprevisível, com a possibilidade de outras candidaturas se articularem.
Caso o MDB decida lançar um nome, os mais cotados são de Fabio Riva, líder do governo na Casa, Sidney Cruz, relator do orçamento de 2025, e João Jorge, 1º vice-presidente da Câmara. O PSD teria Rodrigo Goulart como principal nome, caso houvesse um acordo para uma candidatura do partido.
Outra possibilidade é o surgimento de uma candidatura dos chamados “independentes”, com alguns nomes do PL bolsonarista no páreo. A legenda elegeu candidaturas consideradas mais radicais como Lucas Pavanato, Zoe Martinez e Sonaira Fernandes, que poderiam se articular para uma candidatura própria.
Em relação à oposição, o PT deve apoiar o candidato de Milton Leite para garantir a 1ª Secretaria. Já o PSol manterá a tradição de lançar candidatura própria para marcar posição. Os nomes mais cotados são os de Luana Alves e Celso Giannazi.