Indiciada por peeling responde por divulgar fotos de outra paciente
Natalia Becker responde a processo na Justiça do Rio de Janeiro por divulgar, sem autorização, imagens adulteradas do rosto de paciente
atualizado
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São Paulo — A influencer Natalia Fabiana de Freitas, conhecida como Natalia Becker, indiciada por homicídio doloso após a morte do empresário Henrique Chagas da Silva, de 27 anos, em sua clínica estética, responde a um processo na Justiça do Rio de Janeiro por usar sem permissão imagens de uma paciente para divulgar seu trabalho. A autora da ação, Renilda Soares, fez um tratamento para remover manchas e alega que seu quadro piorou.
Por meio de sua advogada, a mulher, que é empregada doméstica, pede que Natalia seja condenada por dano moral e ao pagamento de uma indenização de R$ 15 mil, além da remoção das imagens em todas as plataformas. O processo tramita na 6ª Vara Cível de Campo Grande.
Renilda diz ter procurado Natalia por indicação de uma amiga, em maio de 2022, para realizar um tratamento que prometia remover as manchas de sua pele, pelo preço de R$ 1.650, dividido em 12 vezes.
Dois meses depois, em julho de 2022, a paciente voltou até a clínica da influencer para acompanhamento. Na ocasião, Natalia teria dito que seria necessário tirar fotos de Renilda.
“Ao ser fotografada, a Autora informou não gostar de fotos devido às manchas do Melasma, sendo informado pela 1ª Ré que eram fotos somente para acompanhamento do tratamento, para arquivo”, diz a advogada no pedido.
Fotos em anúncio
Pouco mais de um ano depois, em setembro de 2023, a autora foi surpreendida por mensagens de uma amiga dizendo que suas fotos estavam sendo usadas em uma propaganda de um creme facial no marketplace AliExpress, que também é alvo do pedido de indenização.
O anúncio estava em inglês. O que, para a advogada de Renilda, sugere que as fotos possam ter sido comercializadas.
Ao entrar no perfil de Natalia Becker na rede social, ela encontrou as mesmas fotos sendo usadas para divulgar o trabalho da influencer. Segundo o pedido, as imagens, que mostram um “antes e depois”, foram adulteradas para deixar as manchas mais evidentes.
“Em nenhum momento, a Autora autorizou a publicação e quiçá a comercialização da sua foto!!! Ressalta-se, ainda, a má-fé das Rés em alterarem a foto da Autora para demonstrar a eficiência no tratamento e produto fornecido”, diz a advogada. “A autora teve sua imagem denegrida”.
Em nota ao Metrópoles, Renilda afirmou ter “desconforto” com sua imagem por causa do melasma — razão pela qual procurou Natalia Becker inicialmente. “Me doeu a alma saber que paguei por algo que não existia, que criei uma esperança e corri risco de vida”, diz a paciente. “Ainda tive a imagem alterada e divulgada.”
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Natalia Becker. O espaço segue aberto para manifestação.
Curso on-line
No caso do procedimento realizado em Henrique Chagas da Silva, o peeling de fenol, Natalia Becker disse em entrevista coletiva na quarta-feira (5/6) que aprendeu a técnica em um curso on-line. A mulher não possuía formação em medicina.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo e com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é preciso ser médico para fazer um peeling usando fenol no rosto de um paciente. A substância pode provocar arritmia. Antes da aplicação, é necessário submetê-lo a uma série de exames preparatórios. E, durante, fazer um monitoramento cardíaco.
“Tem que fazer seis anos de medicina, mais três anos de residência médica e uma prova para ficar apto a fazer [o peeling] e tratar as complicações”, afirmou o dermatologista Felipe Ribeiro, da Sociedade Brasileira de Dermatologia ao Metrópoles.
“Acabou com minha vida”
Natalia Becker se apresentou à polícia dois dias após a morte do empresário. Ela prestou depoimento por cerca de duas horas e, segundo a polícia, será indiciada por homicídio com dolo eventual.
“Eu tô muito triste pelo que ocorreu, jamais quis prejudicar ninguém. Sinto muito pela família dele. Acabou com a minha vida isso. Eu jamais tive a intenção de prejudicar ele”, disse a influencer a jornalistas.