Inauguração do Aquático na Billings vira palanque político na zona sul
Políticos exploraram evento que deu início à operação do Aquático SP; projeto fará transporte de passageiros com barcos na represa Billings
atualizado
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São Paulo — A inauguração do Aquático SP, primeiro transporte hidroviário da capital paulista, atraiu aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e comitivas de apoiadores para a zona sul de São Paulo, nesta segunda-feira (13/5).
Pré-candidatos à Câmara Municipal usaram o evento como palanque para se aproximar do eleitorado do Grajaú, distrito mais populoso da capital paulista, de olho nas eleições municipais deste ano.
Chefe de gabinete do presidente da Câmara, Milton Leite (União), Silvão Leite foi um deles. O pré-candidato a vereador apareceu no local logo cedo e tirou fotos com moradores da região, enquanto apoiadores usavam bonés com seu nome.
Apesar de não ser da família Leite, Silvão deve carregar o sobrenome do presidente do Legislativo paulistano nas eleições, mirando o eleitorado de seu atual chefe em uma área que ele próprio já conhece bem: Silvão é presidente da escola de samba Terceiro Milênio, instalada no Grajaú, e patrocinada por Leite.
Também pré-candidato a vereador, o Delegado Roberto Monteiro foi outro a marcar presença e gravou uma série de vídeos para suas redes dentro da embarcação de transporte coletivo.
Ex-chefe da 1ª Delegacia Seccional do centro, Monteiro foi um dos principais responsáveis pela Operação Caronte, na região da Cracolândia, e tentará uma vaga na Câmara neste ano.
Comitivas de vereadores que entoaram gritos de apoio a Nunes e a outros políticos ajudaram a dar um tom eleitoreiro ao evento, que marcou o início da operação assistida do Aquático após uma série de adiamentos e embates judiciais.
Operação teste
Durante seis meses, os barcos do Aquático SP funcionarão em uma operação assistida na Represa Billings. Nesta primeira semana, duas embarcações farão o transporte de passageiros entre os bairros de Grajaú e Pedreira, na zona sul da cidade, entre 10h e 16h. A partir da próxima semana, os embarques poderão ser feitos até 17h.
Cada viagem dura aproximadamente 20 minutos. Segundo a Prefeitura, a operação será gratuita até o término da fase de testes. Após o período, o valor da passagem será o mesmo do transporte público de ônibus, que é de R$ 4,40.
A SPTrans também disponibilizou ônibus gratuitos que vão circular no bairro do Cantinho do Céu e levar a população até o Terminal Hidroviário do Parque Linear, de onde saem os barcos.
O Metrópoles acompanhou a primeira viagem oficial do barco Bororé I, uma das duas embarcações que farão o trajeto, nesta segunda.
Com capacidade para 60 passageiros, o barco levou 21 minutos entre a saída da embarcação do Terminal Hidroviário Parque Linear Cantinho do Céu e a liberação para o desembarque dos passageiros no Terminal Hidroviário Parque Mar Paulista – Bruno Covas.
Nos primeiros minutos de viagem um cheiro forte de fumaça e óleo queimado tomou conta do barco, fazendo com que algumas pessoas começassem a tossir. A comandante da embarcação atribuiu o odor ao equipamento novo. “Esse cheiro de fumaça é porque é tudo muito novo”, disse.
Os funcionários da SPTrans que estavam no local abriram as portas da embarcação e a ventilação ajudou a dissipar o cheiro.
Além do Bororé I, um barco de apoio com 30 assentos também fará as viagens durante a operação assistida neste primeiro momento. A expectativa é que 3 mil passageiros sejam transportados por dia.
A aposentada Lucineide Gomes da Silva, de 64 anos, falou com o Metrópoles na fila de embarque para o Aquático e disse ver com descrédito a promessa de que o projeto possa resolver os problemas de mobilidade na região, que sofre com longos congestionamentos nos horários de pico.
“Aqui vai ser mais ponto turístico. Algumas pessoas vão atravessar isso aí, pra ir fazer alguma coisa do outro lado, mas vai ser mais ponto turístico mesmo”, disse Lucineide. “Uma ponte ajudaria mais”.
Já Miralva Alves de Miranda, 68, acredita que o Aquático pode, sim, desafogar o trânsito no Grajaú. “Eu já estou aposentada, só vou curtir os passeios. Mas para quem trabalha é uma mão na massa, viu? Quem depende do transporte público sabe da dificuldade”, disse a aposentada.
A auxiliar de veterinária Raquel Rodrigues, 32, decidiu pegar o transporte aquático no dia de folga para analisar se haveria, de fato, economia de tempo no trajeto quando for para o trabalho.
“Eu vou até o Jabaquara de ônibus, então quero ver se ir até o Alvarenga com o barco vale a pena ou não”, disse ela, que já chegou a passar até uma hora parada na Av. Dona Belmira Marin, principal via de acesso da região ao centro da cidade.